Título: Lula fica no hospital até sexta-feira
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 14/02/2012, O País, p. 10

Médicos querem evitar contratempos até que ex-presidente encerre radioterapia

SÃO PAULO. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ficar hospitalizado até sexta-feira, quando passará pela última sessão de radioterapia contra o câncer na laringe. Internado desde sábado no Hospital Sírio-Libanês, Lula tem sofrido com os efeitos colaterais do tratamento, desenvolvendo uma inflamação na mucosa da laringe, que causa dores, tosse e dificuldade de engolir. Os médicos descartaram o uso de sonda para nutrir o expresidente, mas ele está recebendo apenas alimentação pastosa. Ontem de manhã, foi submetido à 29a sessão de radioterapia e, segundo o hospital, passou bem. Os médicos, no entanto, avaliam que o malestar na garganta deve aumentar nas últimas sessões. Os médicos aconselharam Lula a permanecer no hospital até sexta-feira porque, assim, ele pode receber hidratação constante e fazer mais sessões de fonoterapia e fisioterapia. Lula mora em São Bernardo do Campo, a 35 quilômetros do hospital, e os médicos querem evitar o desgaste do trajeto, já que ainda faltam quatro sessões de radioterapia. Outro problema que pretendem evitar é o excesso de visitas. Ontem, acompanhado da mulher, dona Marisa Letícia, ele foi visitado pela filha Lurian e pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. Lula tem como "vizinho" de corredor o exministro Luiz Gushiken, que também faz um tratamento contra câncer. Gushiken tem aproveitado a proximidade para visitar o ex-presidente. — Lula está bem, mas queremos convencê-lo a ficar no hospital até sexta-feira. O importante é ficar cercado de cuidados nesse final do tratamento. Mas vamos ver se ele não fica com saudade de casa e resolve voltar (a São Bernardo) — disse Okamotto ao GLOBO. Enquanto o petista se recupera do tratamento, Okamotto vai hoje à Câmara Municipal de São Paulo para explicar aos vereadores a proposta do Memorial da Democracia. O prefeito Gilberto Kassab (PSD) já encaminhou à Câmara projeto de lei concedendo, por 99 anos, o uso de um terreno de 4,6 mil metros quadrados para a construção do memorial. Além de Okamotto, participa da reunião o ex-ministro de Direitos Humanos Paulo Vanucchi, que será coordenador do projeto.