Título: Ministério Público acusa Luiz Estevão por lavagem de dinheiro
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 14/03/2012, O País, p. 10

Ex-senador já foi condenado por desviar verba na construção do TRT de SP

BRASÍLIA. O Ministério Público Federal no Distrito Federal apresentou denúncia à Justiça contra o empresário e ex-senador Luiz Estevão por lavagem de dinheiro. Entre 2001 e 2004, ele teria usado contas bancárias do clube de futebol fundado por ele, o Brasiliense, para dissimular a movimentação de dinheiro proveniente de atividades criminosas. Em outras ocasiões, Luiz Estevão foi condenado por peculato, estelionato, corrupção ativa, uso de documento falso e formação de quadrilha por desvios de dinheiro na construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.

Os fatos são apurados desde 2005. Naquele ano, a Justiça decretou a indisponibilidade de bens do denunciado e de empresas ligadas ao Grupo OK, de sua propriedade, devido à participação do ex-senador no desvio de mais de R$ 169 milhões destinados à construção do TRT. Os investigadores estranharam o fato de, mesmo assim, Luiz Estevão continuar aplicando altas quantias no Brasiliense, com a reforma do antigo estádio do Serejão e na compra de passe de jogadores. A partir desses indícios, a Justiça autorizou a quebra do sigilo fiscal do acusado e também da conta bancária do clube, no período de 2001 a 2005.

A análise dos dados mostrou que a maior parte dos valores movimentados na conta do clube se referia a créditos ou débitos referentes a empresas do Grupo OK. Para o Ministério Público Federal, a semelhança e proximidade entre datas e valores de depósitos, saques e transferências comprovam que a conta do Braziliense foi utilizada como mera conta de passagem, para dificultar o rastreamento do dinheiro desviado dos cofres públicos ou vindo de outras atividades ilícitas.

Um forte indício é o de que houve depósitos e transferências feitos por pessoas físicas e jurídicas sem qualquer relação com o esporte, como empresas de publicidade e de comercialização de grãos. Por outro lado, duas empresas do Grupo OK - a Ega Administração e a OK Automóveis - foram as principais beneficiadas com transferências da conta do Brasiliense, muitas delas em valores superiores a R$ 100 mil.

Na semana passada, a Advocacia-Geral da União (AGU) garantiu, na Justiça, a penhora de R$ 2,7 milhões, em benefício da União, que seriam transferidos em forma de bens para o Grupo OK. O dinheiro servirá para saldar parte da dívida do grupo com a União, devido à fraude na construção do TRT de São Paulo.