Título: Governistas agem para colocar panos quentes
Autor: Lima, Maria; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 31/05/2012, O País, p. 13

BRASÍLIA . A ordem entre os parlamentares governistas afinados com o Palácio do Planalto, desde ontem, é pôr panos quentes e não alimentar, com discursos e novos ataques, a guerra aberta entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e o ex-presidente Lula sobre suposta pressão do petista para adiar o julgamento do mensalão. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) foi à tribuna debater o assunto, e acendeu as críticas da oposição, mas nenhum petista foi ao plenário falar em defesa de Lula.

Um dos mais antigos parlamentares do Congresso, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) se mostrou preocupado com os desdobramentos institucionais do bate-boca entre Gilmar e Lula. Disse que o melhor para todo mundo agora é encerrar o assunto.

- Esse é o tipo de fato que nunca deveria ter ocorrido. Ficou claro que quando fizeram essa reunião, era para ser um coisa particular, sem consequências. Agora, diante dos desdobramentos de fato dessa natureza, todos devemos nos unir para tentar esvaziá-lo e evitar maiores consequências. Levar isso adiante, chamar para falar na CPI, não soma para ninguém. Já não está bonito para ninguém - disse Simon.

Depois de criticar, na véspera, o comportamento do ministro, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), também baixou o tom:

- A partir de agora, o momento é de acalmar os ânimos. É quase incompreensível a forma como o ministro Gilmar Mendes tratou essa questão, mas conhecemos o ministro, sabemos de seu papel e de sua responsabilidade. Nada pode influenciar o Supremo. Nesse momento, o importante é que se passe uma borracha nesse episódio. Temos que dar um chá de camomila a todos os envolvidos, principalmente neste momento em que se aproxima a votação no STF (o julgamento do mensalão) - afirmou Maia.

Sobre a cobrança de tucanos para que o presidente Lula fale sobre o episódio, Maia considera que o pedido é um exagero. Na CPMI do caso Cachoeira, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) defendeu a convocação de Lula, mas ninguém apoiou.

- Não há necessidade de o presidente Lula tratar desse tema. O ministro Gilmar deu opiniões ásperas, mas só ele sabe o contexto que estava vivendo e que o levou a uma atitude raivosa e despropositada. Lula faz bem em não tocar no assunto. Ele já negou, o ministro Jobim já negou. Agora a hora é de colocar panos quentes. A votação do mensalão deve acontecer da forma mais transparente possível - completou o presidente da Câmara.

- Esse é um assunto encerrado. Vamos baixar a fervura. Ninguém vai mais a tribuna para falar mais nada - afirmou também o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP).