Título: Executivos discutirão mudanças
Autor: Damé, Luiza; Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 31/05/2012, Economia, p. 31

NOVA YORK. Mais de mil empresários, entre eles 50 diretores-executivos de grandes corporações, se reunirão no Rio de 15 a 18 de junho, no Fórum Corporativo de Sustentabilidade, para discutir soluções e inovações tecnológicas, num evento que está sendo visto como uma oportunidade para a comunidade empresarial mandar um recado aos líderes políticos da Rio+20. Segundo o alemão Georg Kell, diretor-executivo do United Nations Global Compact (grupo criado há 12 anos para articular agências da ONU com a iniciativa privada), as empresas estão "léguas à frente dos governos" no que se refere à sustentabilidade.

- Vemos a Rio+20 como uma oportunidade para deslanchar movimentos de mudança social. É hora de as empresas assumirem sua responsabilidade e mostrarem aos governos que temos soluções concretas para várias questões críticas, como a redução da pobreza, o gerenciamento de recursos naturais, energia limpa. As soluções existem, o que falta é o incentivo dos governos - disse Kell, que dirige o grupo desde a sua fundação.

O executivo alemão sabe, porém, que a crise econômica em Europa e EUA restringirá o acesso a incentivos fiscais que as empresas reivindicam. Segundo ele, o mercado de tecnologia verde, que hoje é de US$ 2 trilhões, poderia saltar para US$ 8 trilhões com os incentivos certos:

- Os governos estão muito ocupados com a crise, o que deixa pouco tempo para pensar nos problemas de longo prazo, no planejamento. Para as empresas, esta é uma oportunidade de reforçar seu papel. Não é preciso necessariamente mais dinheiro, mas, sim, políticas inteligentes.

O Global Compact destaca que o montante de subsídios globais à produção de combustíveis fósseis chega a US$ 100 bilhões por ano, bem mais do que os US$ 66 bilhões destinados à energia renovável.

Entre as sete mil empresas associadas ao grupo, há 452 brasileiras, inclusive Petrobras, Braskem e Itaú. O Brasil é o terceiro país com mais empresas no Global Compact, atrás apenas de Espanha e França, e considerado um dos celeiros de inovação, assim como a China e a Índia. O diretor-executivo do grupo, afirma que os empresários apoiam a adoção de metas de desenvolvimento sustentável.