Título: Empresários dizem que pode haver demissões
Autor: Barbosa, Flávia
Fonte: O Globo, 21/07/2012, Economia, p. 23

SÃO PAULO. Reunidos ontem em São Paulo, representantes de diversos setores industriais afirmaram não ver sinais de retomada da economia neste semestre - ao contrário do que diz o governo - e que esse cenário de desaceleração poderá provocar aumento de demissões nos próximos meses. Segundo os empresários, a única forma de evitar mais cortes seria o anúncio de novas medidas que garantissem melhor perspectiva a partir de 2013. O encontro reuniu representantes de setores como bens de capital, eletroeletrônicos, construção e máquinas e equipamentos.

Anfitrião da reunião, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, afirmou que o governo já sinalizou que esse novo pacote poderia sair em agosto, com medidas como desoneração da energia elétrica e da folha de pagamento de mais setores. Está marcada para agosto uma reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), responsável pela gestão do Plano Brasil Maior.

- Se houver o pacote em agosto, no ano que vem veremos a situação da indústria melhorar. Isso é importante porque os setores que não vislumbrarem melhorias agora terão de demitir - disse Andrade.

Sobre a desoneração da energia elétrica, ele disse que a indústria precisa de uma redução de 10% a 15% em suas despesas. Mas ressaltou que, para setores eletrointensivos, como o de alumínio, esse percentual é insuficiente. Sobre a desoneração da folha, o presidente da CNI afirmou que os setores de alimentos e de transportes são os que mais têm reivindicado o benefício.

Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Base (Abdid), alertou que para acabar com o "clima de incerteza" na indústria não bastam "políticas imediatistas e pontuais", são necessárias "mudanças estruturais":

- Não há sinal de retomada, e as revisões de índices são todas para baixo. Troco um crescimento menor agora por crescimento mais constante no futuro.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, alertou que os índices de seu setor "ficarão muito baixos":

- Precisamos trabalhar Parcerias Público Privadas (PPPs). Se não, teremos poucos investimentos em infraestrutura. ( Roberta Scrivano )