Título: Roberto Jefferson aguarda resultado de biópsia no Rio
Autor: Onofre, Renato
Fonte: O Globo, 30/07/2012, O País, p. 5

Delator do mensalão retirou tumor do pâncreas no sábado

O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) deverá receber hoje o resultado da biópsia que vai dizer se o tumor retirado do pâncreas é maligno ou não. Segundo o patologista Wilhermo Torres, num exame inicial, não foram detectados sinais de que o tumor seja maligno, mas é preciso aguardar ainda o resultado definitivo para concluir o diagnóstico.

Jefferson, submetido a uma cirurgia de oito horas no sábado, passa bem e respira sem ajuda de aparelhos. De acordo com o boletim do Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio, ele está lúcido e se alimenta por meio de uma sonda.

Presidente do PTB, Jefferson, de 59 anos, por enquanto só recebe a visita de familiares. Segundo os médicos, ainda não há previsão de alta. Na cirurgia, a equipe médica retirou partes de seu estômago, pâncreas, duodeno e canal biliar. Os gânglios linfáticos também foram extraídos.

Delator do mensalão, Jefferson é um dos 38 réus do processo que começa a ser julgado nesta quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, o ex-deputado recebeu R$ 4,5 milhões do PT para financiar a campanha do PTB, em 2004. Jefferson admite ter cometido crime de caixa dois, mas nega ter recebido o dinheiro repassado a parlamentares do partido para que votassem a favor de projetos do governo Lula, entre 2003 e 2004.

Seu advogado, Luiz Francisco Barbosa, revelou ao GLOBO, na semana passada, que atacará o ex-presidente no Supremo. Para o advogado de Jefferson, Lula não só sabia do mensalão, como ordenou o esquema organizado, segundo a denúncia, por José Dirceu (PT), ex-ministro-chefe da Casa Civil.

- (Lula) não só sabia como ordenou essa lambança. Não é possível acusar os empregados e deixar o patrão de fora - destacou o defensor do petebista.

Apesar de defender Lula, Jefferson afirmou que Barbosa terá autonomia no julgamento.