Título: Inadimplência menor entre as empresas
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 29/09/2009, Economia, p. 17

Consumo e oferta de crédito aliviam caixa das pessoas jurídicas e calote recua 12% em agosto. No ano, percentual ainda é alto, 28%

Somente os exportadores não participaram dessa recuperação¿ Carlos Henrique, economista da Serasa

A inadimplência entre pessoas jurídicas registrou queda de 12,7% na comparação entre julho e agosto, segundo pesquisa da Serasa Experian divulgada ontem. Com o reaquecimento da economia, os problemas de liquidez das empresas diminuíram e o cenário ficou mais confortável para o cumprimento de contratos e quitação de débitos. De acordo com avaliação de especialistas, colaboraram para essa retomada a volta gradual do crédito com juros menores, o maior consumo e o recuo da inadimplência entre os consumidores.

A despeito dessa reação positiva no levantamento mensal, os oito primeiros meses do ano acumulam 28,6% de inadimplência no segmento empresarial frente a igual período do ano passado. ¿Ainda não voltamos aos patamares de 2008¿, resume o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida. Na comparação de agosto de 2009 com agosto do ano passado, o índice subiu 19,8%.

Para a Serasa, os dois números ainda são altos, mas ambos tiveram, no último mês, o segundo menor aumento do ano. ¿Somente os exportadores não participaram dessa recuperação porque os países clientes ainda estão em recessão e, com o real mais valorizado, os produtos brasileiros perdem competitividade¿, afirma Henrique Alves. ¿A inadimplência perdeu folêgo. Acredito que até o fim do ano teremos crescimentos menores nesse índice. Ainda assim, acho difícil fechar 2009 com um número pequeno, vamos ficar na casa dos dois dígitos¿, prevê.

Segundo estimativa da Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil ¿ Factoring (Anfac), o recuo da inadimplência para o setor já teria voltado aos níveis pré-crise, calculado em 3% dos contratos. ¿Estamos terminando setembro e podemos concluir que, no último trimestre, houve crescimento intenso, com isso, a inadimplência baixou¿, afirmou o presidente da associação, Luiz Lemos Leite. A recuperação do segmento factoring começou em maio e chegou aos níveis pré-crise no último mês. O desempenho melhorou, mas, ainda assim, as operações do setor (projetadas em R$ 70 bilhões no ano) deverão ficar 12,5% menores devido ao esfriamento dos negócios no início do ano.

Dos débitos empresariais não pagos, lideram o ranking da Serasa Experian os títulos protestados, com 41,6% do total; seguidos por cheques sem fundos, 38,8%; e dívidas com os bancos, 19,4%. Segundo a pesquisa, quando a crise chegou, em setembro de 2008, as empresas estavam endividadas, fato que levou aos atrasos nos pagamentos. ¿A ruptura na oferta de crédito e a retração da atividade estabeleceram uma situação insustentável para o fluxo de caixa dos negócios¿, pondera um trecho da pesquisa. O valor médio das dívidas bancárias, de janeiro a agosto, ficou em R$ 4,5 mil. Protestos registraram média de R$ 1,7 mil e cheques sem fundo foram os de menor valor, com R$ 1,5 mil.