Título: João Paulo afirma que não renunciará à candidatura
Autor: Roxo, Sérgio; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 17/08/2012, O País, p. 4

Ex-presidente da Câmara minimiza importância do voto do relator e diz estar animado

Sérgio Roxo, Evandro Éboli e Flávio Tabak

OSASCO (SP) e BRASÍLIA O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) descartou a possibilidade de desistir de sua candidatura a prefeito de Osasco e minimizou a importância do voto do relator Joaquim Barbosa para o resultado do julgamento no STF. O deputado federal paralisou sua agenda de candidato enquanto Barbosa lia o voto em que pedia sua condenação pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Único dos réus do processo do mensalão que disputa a eleição, João Paulo só chegou à inauguração de um comitê, marcada para as 19h, às 20h15, após a sessão do STF.

- É o voto do relator. Vamos aguardar - disse o petista, negando ter acompanhado a fala de Barbosa. - Não assisti.

Aliados dizem que já previam um voto contrário e duro de Barbosa. O petista garantiu que o fato não alterou sua disposição para fazer campanha:

- Estou animado.

Apesar da Lei da Ficha Limpa, se a condenação for seguida pela maioria dos ministros, João Paulo poderá continuar candidato, porque seu registro já foi aceito pela Justiça Eleitoral. Mas deve ser impedido de tomar posse, caso seja eleito. O trânsito em julgado da eventual condenação impediria sua diplomação. Os petistas tentaram manter o otimismo.

- Foi o ponto de vista de um ministro. Os outros ainda vão se manifestar - disse João Gois, presidente do PT de Osasco, descartando a opção de o deputado desistir. - Não há possibilidade número 2. Nosso candidato é João Paulo.

Líder do PT na Câmara, o deputado Jilmar Tatto (SP) afirmou que o voto era previsível.

- Tem mais dez ministros, é o momento de aguardar e verificar o voto dos outros. Está apenas começando.

Apesar de João Paulo contar com o apoio de 19 partidos, além do PT, o prefeito de Osasco, o petista Emídio de Souza, contrário à candidatura do réu do mensalão, impôs um vice do partido que pudesse assumir a chapa em caso de condenação. O escolhido foi o seu ex-secretário Jorge Lapas.

- Isso não existe - disse Lapas, perguntado se poderia assumir no lugar de João Paulo.

O advogado de João Paulo, Alberto Toron, não esteve no plenário do STF ontem. Por telefone, Toron disse que foi surpreendido por Barbosa:

- Não esperava que ele fosse começar por uma figura lateral da ação (João Paulo). Vou aguardar e decidir se faço depois uma manifestação.

Os advogados comentavam a ausência de Toron.

- Não dá para entender. Todos estão aqui, mesmo os de réus que não serão julgados hoje. Na dúvida sobre o formato, teria que estar aqui - disse um advogado, sem se identificar.