Título: Anotações em papel indicam propina, diz MP Federal
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 09/09/2012, País, p. 12

Envolvidos minimizam informações listadas por lobistas no documento

Entre os documentos listados nos relatórios da Polícia Federal, estão fotos de uma festa de aniversário em que aparecem o lobista Laerte Júnior, Delúbio, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-deputado federal Professor Luizinho (PT-SP), estes dois últimos também réus do mensalão. Genoino e Luizinho não foram investigados. Laerte Júnior, morto há dois meses, é citado pela PF como um dos quatro integrantes do núcleo político liderado por Delúbio. Outro réu do mensalão, o publicitário Duda Mendonça, é citado pelo lobista em conversas telefônicas. Ele faz referências a uma possível entrada de Duda no Ministério da Saúde para desenvolver as campanhas do programa Farmácia Popular. O publicitário também não foi investigado pela PF.

Num pedaço de papel, lobistas de Brasília registraram uma informação que pode complicar a vida do ex-tesoureiro do PT. No documento estão anotados os nomes Delúbio, Zé Dirceu, uma seta e um percentual: 2%. O papel chegou às mãos de policiais federais em maio de 2004, mês em que foi deflagrada a Operação Vampiro. Um mandado de busca cumprido na empresa de segurança Phoenix, de propriedade de um dos principais lobistas investigados, Eduardo Pedrosa, resultou na apreensão do documento. Para o MPF, a anotação é um claro indicativo de pagamento de propina.

sem previsão de sentença

O papel, reproduzido nos relatórios da PF, cita os dois principais personagens do núcleo político do mensalão. Diante da falta de provas, as investigações sobre o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foram arquivadas. Já o ex-tesoureiro do PT é citado dezenas de vezes em conversas telefônicas autorizadas pela Justiça.

- O Delúbio pode ter conversado com uma pessoa ou outra, mas isso de organização criminosa é ficção da polícia - diz o advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defende o petista na ação do mensalão.

Pedrosa também minimiza as acusações. Nas transcrições das conversas telefônicas, ele é um dos investigados que fazem referência a um grupo político e a outro operacional, supostamente capitaneado pelo ex-ministro da Saúde Humberto Costa. Ele foi absolvido pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região:

- O papel apreendido dizia respeito a uma pesquisa eleitoral em São Paulo. E as conversas sobre os dois grupos têm a ver com um empreendimento privado no Rio de Janeiro.

Não há qualquer previsão de sentença para o caso da máfia dos vampiros.