Título: Presidente do BNDES vê exagero do mercado e garante contratos
Autor: Rodrigues, Lino; Haidar, Daniel
Fonte: O Globo, 14/09/2012, Economia, p. 30

Para Coutinho, queda de ações das empresas de energia foi excessiva.

Um dia após os papéis das principais companhias elétricas derreterem na Bovespa como reação do mercado ao pacote anunciado pela presidente Dilma Rousseff, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou ontem que não houve quebra de contratos e que os analistas exageraram ao impor perdas de R$ 15 bilhões em valor de mercado às ações. Segundo ele, o governo federal optou por um processo em que serão examinados "caso a caso" os investimentos que não foram amortizados e que terão de ser indenizados.

Essa conta, disse ele, será feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com "serenidade":

- A intenção do governo foi a de respeitar contratos, respeitar estritamente o sistema regulatório estabelecido. Muitas dessas concessões estavam em fase final de vencimento, e muitas delas já tinham sido amortizadas duas vezes - afirmou Coutinho, durante evento promovido pela Agência Estado, em São Paulo.

PAPÉIS ENSAIAM recuperação

Sobre a avaliação dos analistas, Coutinho afirmou que eles deveriam ter acompanhado o debate para "precificar" as ações antes do anúncio das medidas pelo governo, que reduziu as tarifas de energia:

- Mas acredito que isso (a volatilidade) é da natureza do mercado. Uma forte desvalorização causou um choque nos preços dos papéis, mas depois a poeira começou a decantar.

Ontem, as ações do setor ganharam cerca de R$ 3 bilhões em valor de mercado. Entre os papéis mais negociados, recuaram as ações ordinárias (ON, com voto) de Copel, Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep) e Tractebel. Já os papéis ON da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e da Eletrobras subiram 6,77% e 4,36%, respectivamente, enquanto Cemig PN avançou 4,98%. A real perda de receitas e o ganho com indenizações ainda não são calculados, mas analistas avaliam que houve exagero na queda dos últimos dois dias e voltaram às compras, o que explica a recuperação.