Título: PMDB e PT, os que mais gastaram nas campanhas para prefeito
Autor: Bôas, Bruno Villas ; Beck, Marcio
Fonte: O Globo, 19/09/2012, País, p. 4

De olho em 2014, PSB aparece como destaque, com R$ 56 milhões

Embora, de acordo com pesquisas Ibope e Datafolha, a dupla PT-PMDB esteja ameaçada de perder cargos de prefeito nas capitais do país, os partidos foram os que mais gastaram nas campanhas para chefe do Executivo municipal. PSDB e PSB - este último mirando nas eleições de 2014 - aparecem respectivamente em terceiro e quarto no ranking dos dispêndios.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, o PMDB gastou R$ 98,7 milhões em candidaturas a prefeito desde o início da campanha, em julho, até 6 de setembro. É o equivalente a 18% do total de R$ 551 milhões gastos por todos os partidos. O PMDB está à frente em quatro (Rio, Boa Vista, João Pessoa e Campo Grande) das 26 capitais do país.

O PT, que lidera em apenas duas capitais (Goiânia e Rio Branco), desembolsou R$ 89,9 milhões (16% do total), carreado pela candidatura de Fernando Haddad, em São Paulo.

O terceiro maior investimento é do PSDB, com R$ 74,5 milhões até aqui (13,5% do total). José Serra, candidato tucano em São Paulo, foi o que mais gastou. Foram R$ 8,2 milhões, a segunda campanha mais cara do país. O PSDB é também o que mais lidera a intenção de votos para capitais: Maceió, Manaus, Vitória, São Luís e Teresina.

Já o PSB do governador pernambucano Eduardo Campos registrou gastos de R$ 56,16 milhões (10%) para tentar eleger seus candidatos a prefeito.

O partido lidera as pesquisas de intenção de voto em Belo Horizonte, Cuiabá, Recife e Curitiba. Entre as cinco campanhas mais caras do país, três são do PSB: Roberto Cláudio (Fortaleza), com R$ 4,67 milhões; Márcio Lacerda (Belo Horizonte) com R$ 4,5 milhões; e Geraldo Julio (Recife), com R$ 4,4 milhões.

O novato PSD, do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, registrou R$ 37,4 milhões (6,8% do total) em sua corrida para para as prefeituras. Na primeira eleição do partido, fundado ano passado, a campanha mais cara é a de Niterói, de Sergio Zveiter, com R$ 1,6 milhão.

O esgotamento da bipolarização PT-PSDB, segundo cientistas políticos, abre caminho para o fortalecimento do PSB como um 3º vértice da política partidária brasileira.

- Tem chamado a atenção a disjuntiva que se estabeleceu na base entre os dois partidos que assumiram relevo nessa disputa municipal, o PT e o PSB. As eleições de Belo Horizonte, Recife e Fortaleza vão dar o que falar. Esse confronto vai ter relação com as estratégias de coligação em 2014, inclusive se o presidente do PSB decidir empreender uma caminhada solo, separado do PT. Ele teria como parceiro expressivo, do ponto de vista do número de parlamentares, no Sul e Sudeste, o PSD - diz o sociólogo Antonio Lavareda, ligado ao PSDB.

Avanço do PSB cria problema

Marcus Figueiredo, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp), diz que o PMDB deverá continuar com o maior número de prefeitos e vereadores, mas vê espaço para um avanço "extraordinário" do PSB, com a vitória de Lacerda:

- Isso vai criar um problema político, porque com a Dilma estão PT, obviamente, PMDB na vice, e PSB como segundo aliado preferencial, na composição para 2014.

Nas eleições municipais passadas, entre as 100 maiores cidades brasileiras, o PT conquistou 28, e o PSDB, 14. Este ano, o PT lidera em 17 desses municípios, e o PSDB, em 16.