Título: FMI diz que riscos à estabilidade fiscal cresceram
Autor: Sarmento, Claudia
Fonte: O Globo, 10/10/2012, Economia, p. 33

Apesar dos esforços recentes, maior perigo ainda vem da zona do euro. Brasil ganha elogio do Fundo

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a fazer ontem uma advertência que evidencia a fragilidade da economia mundial. O "Relatório de Estabilidade Financeira Global", divulgado em Tóquio, indica que os riscos à estabilidade fiscal aumentaram desde abril, quando a última análise sobre o setor foi divulgada, com aumento da desconfiança em relação ao sistema financeiro. Apesar dos esforços recentes, o maior perigo ainda vem da zona do euro.

Países emergentes, como o Brasil, devem se proteger das ameaças externas, desenvolvendo seus mercados de capitais e mantendo o equilíbrio em seu balanço de pagamentos, diz o relatório. O alerta foi feito durante a reunião anual do FMI e do Banco Mundial.

A maior parte do informe é voltada para a Europa, onde há desafios financeiros e políticos dramáticos.

Fuga de capitais ameaça UE

As operações de liquidez feitas pelo Banco Central Europeu (BCE) no começo do ano diminuíram a pressão para que os bancos se desfizessem de seus ativos, mas a tensão voltou a crescer. Medidas recentes para incrementar a liquidez foram essenciais, mas é preciso maior rapidez, diz o FMI. "É necessário passar ao cenário da aplicação de políticas para restabelecer a confiança, reverter a fuga de capitais e reintegrar a zona do euro".

A carga mais pesada das projeções sobre contração de créditos virá sobre países da zona periférica do euro, como Espanha, Portugal e Itália:

- Se as pressões continuarem, os grandes bancos da União Europeia poderiam encolher seus ativos em até US$ 2,8 trilhões, possivelmente levando a uma contração do crédito na periferia de 9% até o fim de 2013 - detalhou José Viñals, diretor do Fundo.

Para além da zona do euro, as finanças de EUA e Japão também assustam. Os EUA estariam à beira de um abismo fiscal (fim dos estímulos fiscais à economia), e o Japão tem o maior déficit público do mundo industrializado.

O Brasil, por sua vez, foi citado como um dos países onde o crédito bancário mais cresceu entre os emergentes, em parte pelos preços dos imóveis.

O FMI divulgou ontem, ainda, análise periódica sobre as contas públicas mundiais e elogiou a estratégia brasileira. Em agosto de 2011, o país passou a adotar política fiscal restritiva para redução das taxas de juros pelo Banco Central, o que reduziu a pressão sobre a dívida pública. O relatório "Monitor Fiscal" também diz que houve melhora nas contas públicas dos países ricos.