Título: Petrobras, Vale e Ambev permanecem recomendadas
Autor: Spotorno, Karla ; Seabra, Luciana
Fonte: O Globo, 05/11/2012, Empresas, p. D2

Os analistas renovaram as suas apostas em algumas companhias que rechearam a Carteira Valor no mês passado. Entre as que mantiveram-se na lista estão empresas com bons resultados no terceiro trimestre, algumas sensíveis a fatores externos e outras aderentes ao horizonte promissor do consumo interno.

A Petrobras permaneceu no portfólio, recomendada por três corretoras, por conta de perspectivas mais otimistas em relação a uma velha questão que ronda a estatal: o reajuste dos combustíveis. "O aumento da gasolina e, especialmente, do diesel é vital para a empresa. Esperamos que seja feito neste ano", afirma Luiz Caetano, analista da Planner Corretora. Pelos cálculos da instituição, a defasagem entre os preços praticados no Brasil e os valores no mercado internacional chega a 28% no caso do diesel e fica em 8% na gasolina.

Para Pedro Galdi, estrategista da SLW, a recomendação de compra da ação preferencial da petrolífera (PN, sem voto) também se deve ao possível aumento dos combustíveis. "Imaginamos que o reajuste virá entre o fim deste ano e o começo do ano que vem", diz o especialista.

Já a manutenção de Ambev na carteira, indicada por duas corretoras, advém dos bons resultados do terceiro trimestre, os quais, inclusive, surpreenderam alguns analistas. A empresa obteve lucro líquido de R$ 2,5 bilhões no período, 50% superior ao do mesmo intervalo de 2011.

"A companhia, com seu forte portfólio de cervejas e outras bebidas, continuará apresentando boa rentabilidade e consistente geração de caixa, suportando um bom nível de remuneração aos acionistas, acima do mínimo previsto em estatuto", afirma Clodoir Vieira, economista da corretora Souza Barros. "O segmento premium tem muito espaço para crescer no Brasil e registra uma aceleração no volume de vendas neste ano."

Os analistas da Citi Corretora concordam. Eles destacam as boas perspectivas de aumento do consumo doméstico, sobretudo na divisão de cervejas.

O crescimento interno é um dos fundamentos que fizeram as equipes de três corretoras recomendarem novamente a Kroton. Diante da forte demanda e do suporte indireto dado pelo Programa de Financiamento Estudantil (Fies), a empresa de ensino tem conseguido reajustar seu preço acima da inflação.

"A companhia é líder no segmento de educação a distância, que possui margens bem superiores quando comparada ao ensino tradicional, e ainda é a maior beneficiada do programa de financiamento estudantil do governo federal [o que contribui para controlar a inadimplência e a evasão dos alunos]", afirmam em relatório os analistas da corretora Ativa.

Os bons fundamentos da Telefonica e a vantagem competitiva da empresa em relação à concorrência foram os motivos que levaram duas instituições a recomendar a ação preferencial. "As medidas da Anatel [agência reguladora do setor, que impediu temporariamente algumas operadoras de vender seus planos] não afetaram a Telefonica. Mas muitos investidores não entenderam isso", dizem os especialistas da Planner Corretora. Como resultado, o ganho esperado com dividendos - indicador que varia também de acordo com o preço da ação - chegou a 9,3%. "É algo bem expressivo", afirmam os analistas da Planner. Apenas como base de comparação, o retorno esperado com proventos do Bradesco está perto de 3,5% em 2012.

Assim como no caso da Telefonica, a desvalorização do papel preferencial da Vale foi um dos elementos que motivaram três corretoras a recomendar o ativo. "Acreditamos que os resultados do terceiro trimestre devem levar os investidores a reavaliar o nível de pessimismo", escrevem os analistas da Ativa.

Eles argumentam que, a despeito do cenário externo desafiador e da queda nos preços internacionais, a direção da empresa conseguiu entregar um resultado sólido. "As perspectivas para a companhia são positivas, fundamentadas em um viés de estabilização do preço spot (à vista) do minério de ferro em um patamar abaixo do histórico recente, mas, ainda assim, bastante rentável para a mineradora."

Os analistas da Octo Investimentos fazem a mesma avaliação e acrescentam que a companhia está com "baixa alavancagem, valuation atrativo e uma expectativa de retorno com dividendos de 5,5% em 2012". Além disso, a instituição acredita que o problema sobre o pagamento dos royalties deve ser resolvido ainda neste ano, algo que, segundo a corretora, "torna as ações da empresa ainda mais atrativas".

O "bom histórico de disciplina de capital e de execução" dos projetos foi considerado pelos analistas da Citi para manter a CCR na carteira. Segundo eles, a empresa de concessões rodoviárias e operadora de aeroportos no exterior vive um "momento favorável em termos de resultados com alguns projetos, perspectiva de crescimento e um modelo de negócios defensivo contra a inflação". Para a equipe da Octo, a companhia "é uma referência de mercado", com potencial de alta e risco relativo baixo.