Título: Após avaliação, MEC suspende vestibular em 20 cursos do Rio
Autor: Neto, Lauro
Fonte: O Globo, 20/12/2012, País, p. 16

Dois são da UFF; reitor culpa boicote de alunos e critica ministério

O Ministério da Educação (MEC) publicou ontem no Diário Oficial da União a lista de 200 cursos que terão seus vestibulares suspensos porque tiveram índice insatisfatório (nota menor que 3) no Conceito Preliminar de Cursos (CPC) nas avaliações de 2008 e 2011. A Universidade Federal Fluminense (UFF) não poderá abrir processos seletivos para as faculdades de Arquitetura e Urbanismo e de Ciências Sociais (licenciatura), que ficarão de fora do Sistema de Seleção Unificado (Sisu). Ao todo, são 20 cursos de 11 instituições do Rio com vestibular suspenso. Em todo o país, seis federais foram punidas.

O governo federal divulgou ainda a relação de cursos que, por conta do baixo desempenho na avaliação, perderam sua autonomia acadêmica, e não podem mais ampliar seu número de vagas sem autorização do MEC. Nesta lista, há 27 cursos da UFF, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal Rural (UFRRJ).

A UFRJ terá a autonomia acadêmica suspensa em 16 cursos. O departamento de Letras é o mais afetado, com 12 cursos punidos dessa forma, além das faculdades de Geografia (licenciatura), Pedagogia (licenciatura), Ciências Sociais e Educação Física (licenciatura). Na UFF, estão na lista, além dos cursos de Ciências Sociais e Arquitetura, as licenciaturas em História, Pedagogia e Matemática, além de Geografia (bacharelado), Engenharia Agrícola, Engenharia Mecânica e Ciências Sociais (bacharelado). Da Rural, aparecem na lista dois cursos de bacharelado em Matemática.

No Rio, suspensão em 20 cursos

No Estado do Rio, um total de 20 cursos de 11 instituições de ensino superior tiveram seus vestibulares suspensos. Entre estes, o curso de Matemática (licenciatura) da Estácio de Sá, de Arquitetura e Urbanismo da Santa Úrsula e de Computação (bacharelado) da Faculdade Paraíso, em São Gonçalo.

Roberto Salles, reitor da UFF, criticou duramente a avaliação do MEC e os alunos dos cursos reprovados, que, segundo ele, boicotaram o Enade, fazendo a nota cair. Para Salles, o MEC deve impedir os estudantes que não fizeram a prova de tirar o diploma, além de fechar os cursos, inclusive os da UFF.

- Os alunos que arquem com as consequências. É um acovardamento o MEC não punir os estudantes que fazem boicote e entregam a prova em branco. Tem que ter coragem de não deixar se formar quem boicota o Enade. Infelizmente, poucos alunos, que são ligados a partidos políticos, prejudicam a universidade como todo. Ninguém vai querer fazer um curso com avaliação 2 - afirmou Salles.

O reitor ressalta que cursos como História e Geografia têm boa avaliação na Capes, em cursos de pós-graduação.

Os 200 cursos que tiveram os vestibulares suspensos foram divididos pelo Ministério da Educação em dois grupos: os que apresentaram tendência positiva, ou seja, apesar de reincidirem no mau conceito, evoluíram de alguma forma; e os que foram avaliados com tendência negativa, não tendo nenhuma melhora ou ainda piorando o desempenho em relação a 2008. Os dois cursos da UFF estão na lista de tendência positiva.

Na UFRJ, os cursos penalizados estão liberados para realizar vestibulares, mas ficarão proibidos de aumentar o número de vagas em 2013, até que uma fiscalização in loco constate melhorias.

O reitor da UFRJ, Carlos Levi, justificou o mau desempenho com o boicote de alunos de Educação Física e Ciências Sociais ao Enade. Já em Geografia, Pedagogia e Letras, ele alega que a prova coincidiu com um concurso público para professores do estado. Levi disse que vai entrar com recurso junto ao MEC.

- Há uma coincidência nesses cursos que foram mal avaliados com uma posição de boicote. Os alunos da Educação Física e e Ciências Sociais foram fazer a prova, mas deixaram em branco. Se todos faltassem, não seria computado. Vamos entrar com recurso junto ao MEC.

Na nota do CPC, o desempenho dos estudantes conta 55% do total, enquanto a infraestrutura representa 15%, e o corpo docente, 30%.