Título: Investimento público subiu só 10% em 2012
Autor: Oswald, Vivian; Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 06/01/2013, Economia, p. 35

Ministérios com maior impacto no PIB tiveram resultado aquém até ao registrado em 2010

BRASÍLIA O governo federal conseguiu elevar o volume de investimentos públicos no ano passado em 10,7%, segundo dados do Sistema Integrado de Administração financeira (Siafi), contando principalmente com o aumento de pagamentos de pastas sociais, como Educação e Saúde. Apesar da convocação da presidente Dilma Rousseff para aceleração de investimentos ao longo do ano, para evitar o "Pibinho", os ministérios que atuam principalmente nas áreas de infraestrutura, como Transportes, Cidades e Integração Nacional, não conseguiram bom desempenho. Essas pastas não chegaram sequer a manter o patamar dos investimentos de 2010.

- Investimento em infraestrutura, que mais contribuiria para a redução do custo Brasil, está em queda - disse Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Apesar do avanço do volume de investimentos no ano, ele ficou percentualmente mais distante do desejado no Orçamento e nas emendas aprovadas pelo Congresso ao longo do ano. Enquanto em 2011 o governo executou investimentos da ordem de 62% do que foi autorizado, em 2012 , foram investidos apenas 40,1% da dotação de R$ 114 bilhões autorizada.

O Ministério dos Transportes, que tem o maior orçamento e o impacto mais direto na economia a curto prazo, apresentou queda de 18% em relação a 2011, ano em que Dilma determinou uma faxina no setor. Segundo a pasta, consideradas também as inversões financeiras, que elevam os recursos a R$ 15,5 bilhões, os investimentos são "semelhantes aos do exercício de 2011". "Cabe destacar que diversas obras foram concluídas em 2011 e as que se encontram em andamento ainda não atingiram o mesmo volume de execução daquelas concluídas naquele ano, apesar de estarem com a execução dentro da normalidade", disse o ministério em nota.

No da Integração Nacional, o investimento subiu 16%, mas ficou abaixo do volume de 2010. Ao longo do ano, sua principal obra, a transposição do rio São Francisco, teve licitações interrompidas e retomadas nas últimas semanas.

- Não é como fazer bolo de goma, isso leva tempo, também do lado da engenharia - disse o ministro Fernando Bezerra Coelho.

O sucesso dos investimentos de pastas ditas sociais se deve à maior facilidade para desembaraço de recursos, que sofrem menos na busca de financiamentos ou licenças socioambientais. O Ministério da Educação recebeu em dezembro R$ 525 milhões a mais do PAC Equipamentos, para compra de 2.500 ônibus escolares, devido à incapacidade de outras pastas de usar o dinheiro por dificuldades em licitações.

Apesar de, no segundo semestre, o volume de investimentos federais totais (que inclui Minha Casa Minha Vida) ter apresentado forte desaceleração - fazendo com que o avanço frente a 2011, que chegou a 30,7% até junho, deva encerrar o ano em pouco mais de 20% -, participantes do governo acreditam que o impacto maior do pedido de aceleração de investimentos feito pela presidente em 2012 deverá vir em 2013.

O volume de empenhos (reserva de caixa para pagamentos de investimentos) subiu de R$ 48 bilhões em 2011 para R$ 66 bilhões em 2012. O Ministério das Cidades destacou em nota que seu volume de empenhos chegou a R$ 6,5 bilhões, o maior dos últimos três anos.

- Em 2013 vai acelerar, os investimentos estão acelerando nos estados e municípios - disse o secretário do Tesouro, Arno Augustin.