Título: Braço-direito de Lupi, pedetista chega ao governo para pacificar apoio da sigla a Dilma
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 16/03/2013, País, p. 6

O novo ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, não é apenas secretário-geral do PDT. É um aliado de primeira hora do ex-ministro Carlos Lupi, presidente da legenda. O nome de Dias já havia sido apresentado por Lupi para substituí-lo, no ano passado, mas a presidente Dilma Rousseff decidiu apostar em Brizola Neto (RJ), que não resistiu ao fogo amigo. O advogado catarinense Manoel Dias, de 72 anos, é classificado pelos próprios colegas do PDT como aliado, fiel escudeiro e a sombra de Lupi.

Dias foi funcionário da Câmara. Lotado na liderança do PDT, tinha um cargo de natureza especial (CNE), mas dava expediente na sede do partido em Brasília. O PDT providenciou sua demissão quando Carlos Lupi pretendia fazê-lo ministro há mais de um ano.

No partido, o novo ministro do Trabalho é conhecido como Maneca. Na juventude, foi líder estudantil e cassado duas vezes - a primeira, em 1964, quando era vereador, e em 1969, pelo AI-5, quando era deputado estadual por Santa Catarina.

Depois de ser confirmado no cargo, o pedetista disse que lutará para pacificar o partido e contou que a presidente Dilma Rousseff pediu prioridade para a melhoria do atendimento nas delegacias regionais da pasta. Segundo Manoel Dias, a reeleição de Dilma não foi tratada na conversa, mas a sua presença no governo aproxima o PDT do palanque petista no próximo ano.

- Eu creio que sim. Com a minha proximidade com os companheiros do partido de todo o Brasil, nós vamos tentar construir (apoio à Dilma). Na medida em que a gente consiga por em prática as políticas públicas que defendemos vamos fortalecer esta posição - afirmou.

Manoel Dias foi recebido à tarde por Dilma:

- Conversamos sobre as metas e planos do Ministério do Trabalho e rememoramos a nossa militância (no PDT). A tarefa é zelar pelo bem público. Ela pediu que olhássemos para os órgãos de ponta do ministério. Lá no interior do país, nos municípios, estão as agências do Ministério do Trabalho, que são locais onde os trabalhadores vão buscar seus direitos, fazer suas carteiras de trabalho. Tem de ser um órgão moderno, informatizado e confortável.

Dias foi candidato a vice-governador de Santa Catarina na chapa de Angela Amin (PP), em 2010, mas perdeu a disputa. Naquele ano, Lupi, em demonstração de amizade, nomeou a mulher dele, Dalva Maria de Lucca Dias, para exercer o cargo de diretora executiva da Fundacentro, fundação ligada ao Ministério do Trabalho.

Na época, ela foi acusada de ser funcionária fantasma porque morava em Santa Catarina, onde o marido era presidente regional do PDT, e o emprego era em São Paulo. Manoel Dias negou irregularidades. Ela é professora universitária e foi secretária de Habitação no governo de Luiz Henrique (PMDB).

No ano passado, por pouco Dias não foi parar na Dívida Ativa da União porque não teria pago uma multa de R$ 2 mil por propaganda irregular durante a campanha para ser vice-governador. As contas do PDT em Santa Catarina também foram julgadas irregulares pelo Tribunal Regional Eleitoral em 2006 e 2008, quando ele era o presidente da legenda.