Título: Aeronáutica tentará içar aeronave submersa
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 02/11/2009, Brasil, p. 8

Após localização ontem do segundo corpo de vítima do desastre com avião da FAB, o trabalho agora é para retirar o aparelho do Rio Ituí. O resgate é difícil porque as margens do igarapé são estreitas e com barrancos

O resgate das vítimas do acidente com a aeronave C-98 Caravan da Força Aérea Brasileira (FAB), que teve de fazer um pouso forçado na última quinta-feira em plena Floresta Amazônica, terminou ontem, com a localização do corpo do suboficial Marcelo dos Santos Dias. O militar e o civil João de Abreu Filho, funcionário da Funasa, foram os únicos ocupantes do voo que não resistiram ao desastre. Os nove passageiros encontrados com vida já tiveram alta e estão em casa. Agora, a Aeronáutica vai tentar retirar o avião que está submerso no Rio Ituí. A principal dificuldade, de acordo com o órgão, está no fato de o rio ter as margens formadas por barrancos e ser muito sinuoso, o que permite apenas o uso de embarcações de pequeno porte.

A estratégia será içar o avião até um local aberto, onde a desmontagem das peças poderá ser realizada. Somente com o recolhimento dos destroços da aeronave é que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) terá condições de investigar as causas do acidente. Os relatos dos sobreviventes colhidos por autoridades do Cenipa também são parte importante do procedimento de apuração e já começaram a ser colhidos desde o momento em que eles chegaram ao Hospital Regional do Juruá em Cruzeiro do Sul no Acre. Os depoimentos apontam que, depois de 58 minutos da decolagem, os passageiros ouviram uma explosão na aeronave e um cheiro de fumaça. A partir de então, o piloto afirmou que não conseguiria manter o avião voando. A saída foi tentar um pouso de emergência.

Depois da operação arriscada na água, principalmente porque o local é de mata fechada, o avião começou a afundar de lado, de acordo com relatos de sobreviventes. Em menos de cinco minutos, os passageiros conseguiram sair da aeronave e nadaram até alcançar a margem do rio. João de Abreu Filho, entretanto, não chegou a se desvencilhar da estrutura do avião. O corpo do funcionário da Funasa foi encontrado no sábado, entre as ferragens. Ontem, o cadáver do suboficial Marcelo dos Santos Dias, que atuava como mecânico da aeronave, foi localizado próximo ao local do pouso forçado. Os sobreviventes disseram que Dias foi um herói. Ele ajudou todos os passageiros a sair, mas teria ficado muito desgastado fisicamente e, por isso, pode não ter conseguido deixar a água.

Piloto

Para o comandante do 7º Comando Aéreo Regional, Jorge Cruz de Souza e Mello, o trabalho do piloto foi fundamental para garantir a sobrevivência do maior número possível de pessoas. Além da competência na hora de escolher um local seguro para fazer o pouso, apesar da escassez de tempo durante uma pane, o piloto, com a tripulação, foi hábil em abrir as portas e auxiliar a saída das pessoas. A aeronave, segundo o Comando da Aeronáutica, estava com as revisões em dia e voava com equipe experiente.

O piloto, o primeiro-tenente Carlos Wagner Ottone Veiga, tem sete anos de experiência e mais de mil horas de voo nesse tipo de avião. O suboficial morto, Marcelo dos Santos Dias, tinha 3 mil horas de voo como mecânico e também era considerado muito experiente. A investigação do acidente não tem prazo para ser concluída. ¿Todas as recomendações de segurança que forem emitidas e que possam contribuir para a aviação civil serão prontamente disponibilizadas¿, garante a Aeronáutica, em nota.

O número 11 Número de pessoas que estavam no avião que caiu na Floresta Amazônica. Nove sobreviveram