Título: Vices com a trilha aberta
Autor: Aranha, Patrícia
Fonte: Correio Braziliense, 15/11/2009, Política, p. 5

Previsão de saída de 11 titulares nos estados facilita o caminho para que suplentes mostrem serviço e tentem, depois, a reeleição

Os 11 governadores que exercem o mandato pela segunda vez estão dispostos a se desincompatibilizar até abril do ano que vem, prazo máximo previsto pela legislação, para serem candidatos a outro cargo eletivo. O Senado é o destino preferido da maioria deles. Se as articulações políticas não mudarem até lá, esses estados passarão a ser administrados pelos vice-governadores, que ganham força para tentar se manter no poder por mais quatro anos, candidatando-se à reeleição.

Em alguns estados, os vices contarão com quase um ano inteiro de mandato para mostrar serviço. É o caso de Minas, onde o governador, Aécio Neves, ¿ que aguarda a definição do PSDB para ser candidato a presidente da República ou ao Senado ¿ já avisou que entregará o cargo a Antonio Anastasia (PSDB) no início de fevereiro, quando pretende dedicar-se integralmente à campanha eleitoral.

Se o governador de São Paulo, José Serra, for o escolhido pelo PSDB para ser candidato a presidente, o vice do estado, Alberto Goldman (PSDB), poderá engrossar a fileira como 12º auxiliar a assumir a vaga do titular em 2010. Goldman terá pouco mais de dois meses para se credenciar como candidato à reeleição na convenção do partido, em junho. Ele é apontado como terceira via dos tucanos, que se dividem entre Aloyzio Nunes Ferreira, preferido de Serra, e o ex-governador Geraldo Alckmin.

Em Mato Grosso, Blairo Maggi (PR) oficializou, na semana passada, a decisão de deixar o governo, mas adiou a data de janeiro para abril. Maggi vai se candidatar ao Senado e tenta viabilizar a reeleição do vice, Sinval Barbosa (PMDB). Já havia até escolhido o companheiro de chapa, mas foi surpreendido com a decisão do presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Mauro Mendes, de trocar o PR pelo PSB. O governador quer atrair o DEM e o PP numa aliança que já conta com apoio do PMDB e do PT.

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), está empenhado em fazer do vice Ricardo Ferraço (PMDB) seu sucessor, mas, segundo a assessoria, a decisão sobre a candidatura ao Senado só será tomada no início do ano. Senador eleito em 1998, ele interrompeu o mandato para tomar posse como governador em 2003. Se depender do PMDB estadual, não há melhor nome para a vaga.

Tríplice aliança Em Santa Catarina, o governador, Luiz Henrique (PMDB), deve sair em janeiro para dar visibilidade ao vice, Leonel Pavan (PSDB), que disputa a indicação para cabeça de chapa da tríplice aliança, que inclui PMDB, PSDB e DEM. O tucano terá que mostrar potencial eleitoral maior do que os candidatos do DEM, Raimundo Colombo, e do PMDB, o ex-governador Eduardo Pinho Moreira.

No Rio Grande do Norte, a desincompatibilização da governadora, Wilma de Faria (PSB), é confirmada pela assessoria. Pré-candidata ao Senado, ela será substituída pelo vice, Iberê Ferreira (PSB), que disputa com outros três candidatos da base a indicação como candidato ao governo: o presidente da Assembleia Legislativa, Robinson Faria (PMN), o deputado federal João Maia (PR) e o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT).