Título: Vontade de comprar
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 26/11/2009, Economia, p. 24

Pesquisa mostra que o brasileiro está satisfeito com sua situação econômica e pensa em gastar mais

O consumidor brasileiro nunca esteve tão satisfeito com a sua situação econômica como em novembro. Desde 2005, quando a Fundação Getulio Vargas (FGV) começou a medir esse indicador, a taxa de satisfação não tinha atingido os 124,3 pontos. Resultado semelhante também obteve o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que após duas altas consecutivas, a última de 1,5% entre outubro e novembro, chegou aos 115,4 pontos ¿ o melhor patamar desde maio de 2008. Para os lojistas, o levantamento confirma as previsões de um Natal gordo em 2009.

Segundo a coordenadora técnica da pesquisa, Viviane Seda, a melhora dos indicadores de confiança do consumidor acompanharam a trajetória de recuperação da economia, principalmente o desempenho do mercado de trabalho. A pesquisa concluí que o brasileiro está satisfeito com a situação atual da economia, das finanças familiares e, moderadamente otimista, quanto à evolução econômica nos próximos meses. ¿As projeções são favoráveis. Se o mercado de trabalho continuar aquecido, com certeza, o cenário será o mais favorável para os próximos meses¿, avaliou Viviane.

Duráveis A intenção de compras de bens duráveis foi o que mais influenciou os números positivamente. A quantidade de consumidores que preveem comprar mais nos próximos meses elevou-se de 9,7% para 11,2%, enquanto os que projetavam gastos menores recuou de 27,5% para 26,5%. ¿O consumidor estava mais cauteloso, exatamente porque já havia antecipado o consumo devido a isenção de IPI. Ele estava tentando equilibrar o orçamento. Porém, com a recuperação do mercado de trabalho, esse período de transição está terminando e o consumidor deseja voltar a comprar¿, explicou a coordenadora do levantamento.

É sobre essa vontade de gastar do brasileiro que recaem as apostas do comércio para incrementar as vendas de fim de ano. Segundo o presidente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Roberto Alfeu Pena Gomes, os indicadores mostram que o Brasil sai com ¿poucos arranhões¿ da crise. ¿São os sinais que nos deixam mais otimistas. Teremos um Natal de recuperação e um 2010 bem melhor do que este ano¿, avaliou. Alfeu estima um crescimento de 9% nas vendas natalinas.

O número 11,2% Elevação do número de consumidores que preveem aumentar gastos no Natal, contra 9,7% da sondagem anterior

Euforia com IPI do carro ¿verde¿

Os empresários do setor automotivo estão mais confiantes em relação ao movimento de vendas para o fim do ano e para 2010. Com a medida anunciada ontem pelo Ministério da Fazenda, da prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos flex, considerados mais ecológicos, o setor acredita que conseguirá bater as metas de crescimento neste e no próximo ano. A medida foi recebida com euforia no varejo de automóveis. O Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Distrito Federal (Sincodiv-DF) espera um incremento nas vendas nesse fim de ano, mas ainda não arrisca dizer quanto.

¿Difícil mensurar o crescimento. Mas, nesta semana, já devemos sentir a volta do fluxo de clientes às lojas¿, disse o presidente da Sincodiv, Ricardo Lima. Na avaliação do presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sérgio Reze, acabar com a redução de IPI em dezembro seria um desestímulo ao consumidor e às vendas. ¿Por conta do IPI, cresceremos ao fim de 2009 em torno de 8%. No ano que vem, devemos ficar em 9%. Acreditamos que essa decisão vai ajudar a ampliar o mercado. Seguramente, sem ela, haveria uma pressão de compras bem menor¿, ponderou.

Para especialistas no mercado automobilístico, a manutenção do IPI menor é positiva, mas os resultados não serão tão expressivos quanto os obtidos à época da desoneração total para alguns modelos. De acordo com cálculos da consultoria Carcon Automotive, cerca de 250 mil veículos foram vendidos este ano em função da redução de IPI e da queda da taxa média de juros ao consumidor, ainda assim, a prorrogação da medida não seria tão impactante. ¿Cada vez mais, esse incentivo deixa de ser substancial para o consumidor, principalmente porque eles já anteciparam a compra¿, sustentouo diretor da Carcon, Carlos Alberto Reis. (VM)

Difícil mensurar o crescimento. Mas, nesta semana, já devemos sentir a volta do fluxo de clientes às lojas¿