Título: Equador liberará logo brasileiros, diz Amorim
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 14/10/2008, Internacional, p. A9

O governo do Equador deve reverter em breve a decisão que impedia dois altos funcionários da Odebrecht de sair do país. A liberação dos funcionários, hoje abrigados na Embaixada do Brasil em Quito, foi comunicada ao governo brasileiro no fim de semana e repassada ao chanceler Celso Amorim, que manteve a decisão de quinta de suspender a missão que o governo do Brasil enviaria ao Equador nesta semana, para tratar de investimentos em infra-estrutura rodoviária no país vizinho.

"Foi-me dito que nunca esses funcionários estiveram ameaçados, por isso deve ocorrer rapidamente a saída deles", comentou Amorim, que não quis falar, porém, sobre as ameaças do presidente do Equador, Rafael Correa, contra a estatal Furnas e a Petrobras. Correa decidiu expulsar a Odebrecht do Equador e cancelar contratos com a empresa após a paralisação, por problemas de estrutura, na usina San Francisco, construída pela empresa no país. Ele afirmou que expulsará também Furnas, uma das responsáveis, em consórcio com uma firma equatoriana, por fiscalizar a obra. Funcionários da empresa tiveram seus vistos de trabalho cassados.

A Odebrecht disse em nota lamentar a decisão do Equador.

Diplomatas brasileiros afirmam ser inaceitável o método encontrado por Correa para resolução da disputa com a empresa, que sofreu intervenção militar, além da suspensão dos direitos constitucionais de quatro diretores. A severidade da ação contra a empresa é atribuída à campanha eleitoral, e a decisão do governo de evitar um confronto político com Correa se deveu, segundo os diplomatas brasileiros, à constatação de que uma reação pública do Brasil poderia inflamar ainda mais o tratamento eleitoral dado à questão.

No fim de semana, depois do anúncio da suspensão da missão brasileira, que seria chefiada pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, Correa abrandou o tom em relação à Petrobras, que vinha ameaçando de confisco por dificuldades na renegociação dos contratos de exploração da empresa no país. Ele elogiou a empresa e disse também esperar que o governo brasileiro reveja a decisão de suspender a missão que discutiria o financiamento brasileiro à estrada Manta-Manaus, trecho da ligação entre o litoral atlântico do Brasil com o Pacífico. A obra é vista como prioritária pelo equatoriano.