Título: Bradesco deve compartilhar rede
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 25/02/2005, Finanças, p. C3

Estão adiantadas as negociações entre os dirigentes do Bradesco, do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF) para a integração da maior instituição privada do país na rede compartilhada de terminais de auto-atendimento eletrônico e de correspondentes bancários lotéricos. A informação é do presidente da Caixa, Jorge Mattoso. Ontem ele participou da cerimônia de lançamento da rede que, por enquanto, vai unir os dois bancos federais. Participaram também o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente interino do BB, Rossano Maranhão Pinto. O Bradesco não comentou a informação. A fase inicial desse compartilhamento de terminais do BB e da CEF iniciou-se ontem em Brasília, Recife e Curitiba. Não serão cobradas tarifas por 90 dias. Os clientes do BB poderão usar no começo 124 postos da Caixa e 434 casas lotéricas. Os correntistas da CEF terão acesso a 250 postos do BB. Mattoso disse que Caixa e BB realizam cerca de 4 bilhões de transações por ano. O custo do auto-atendimento é de R$ 0,65 e, segundo o presidente da CEF, pode cair imediatamente para R$ 0,40. Quanto maior for o compartilhamento entre bancos, menor será esse custo. "Queremos que esse seja o grande sistema de compartilhamento do Brasil", disse. No começo, estão disponíveis saques e consultas de saldos, mas a idéia é estender o atendimento para a obtenção de extratos e realização de pagamentos. Durante os próximos meses, todo o país estará integrado. A Caixa tem 5,7 milhões de correntistas e 26,8 milhões de poupadores. O BB possui outros 22,2 milhões de correntistas e 6,5 milhões de poupadores. Palocci disse que a integração desses serviços entre os dois bancos federais tem grande significado. "Uma transformação silenciosa está acontecendo na economia brasileira", afirmou. Ele se referia às várias políticas de inclusão social que vêm sendo conduzidas pelo governo Lula, citando contas especiais (abertura simplificada), microcrédito, crédito consignado em folha de pagamento, ampliação das operações do Programa de Financiamento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o aumento do crédito imobiliário. "Os bons analistas já percebem que o crédito consignado e outras medidas são uma transformação no mercado de crédito", afirmou Palocci. Para o ministro da Fazenda, o Brasil já cresceu a taxas fortes em outros períodos, mas teve muita dificuldade em construir instrumentos de inclusão e acesso. Teve muitas dificuldades de fazer com que o crescimento beneficiasse as famílias e não apenas parcela da sociedade. Isso é o que, segundo ele, há de novo. Mas Palocci também afirmou que o país iniciou no ano passado um ciclo de crescimento econômico que "tem tudo para ser estável, de longo prazo e forte". O ministro disse que o investimento continua crescendo duas a três vezes mais que a renda, diminuiu a vulnerabilidade da economia e o país continua melhorando o tamanho e o perfil da dívida. "Reduzindo o risco-país na negociação de papéis, continuamos fortalecendo a musculatura da nossa economia", comemorou Palocci. O ministro também disse que o desafio maior que o país tem não é apenas o de garantir um ou outro aspecto novo da política econômica, mas abandonar os períodos de crescimentos com interrupções. O Brasil, segundo Palocci, é vocacionado a ser um dos principais países do mundo. "Esse objetivo não vai se alcançar com passe de mágica, com alguma política miraculosa", garantiu. Esse objetivo, segundo Palocci, será alcançado com persistência, com a dedicação em "fazer as coisas certas".