Título: Bioagência arrenda usina na Jamaica
Autor: Scaramuzzo , Mônica
Fonte: Valor Econômico, 04/03/2009, Agronegócios, p. B11

A Bioagência, trading que negocia a produção de etanol de 26 usinas do Centro-Sul do país, está arrendando uma planta de desidratação de álcool na Jamaica, apurou o Valor. A meta da companhia é abastecer o mercado americano, que importa o álcool da região do Caribe com isenção de tarifas.

A planta arrendada pela Bioagência deve ser inaugurada ainda neste mês e tem capacidade para reindustrializar 240 milhões de litros de álcool hidratado por ano. O álcool hidratado sai do Brasil é transformado em anidro e reexportado para os Estados Unidos.

Os EUA são os maiores produtores de etanol do mundo. Mesmo com a crise do setor de etanol naquele país, os americanos deverão importar aproximadamente 2 bilhões de litros de álcool via Caribe este ano. Em 2008, os americanos importaram 1,739 bilhão de litros de álcool dessa região.

Os países caribenhos são beneficiados pelo acordo CBI (Caribbean Basin Initiative). Por meio desse tratado, o álcool dessa região entra no mercado americano com isenção de impostos, mas limitado a 7% da produção anual de álcool dos EUA.

Nos últimos anos, grupos brasileiros se associaram a investidores do Caribe para investirem em plantas de desidratação de álcool de olho no mercado americano.

Em El Salvador, a Crystalsev possui em parceria com a múlti Cargill uma planta de desidratação com este objetivo. Na Jamaica, a Coimex, em sociedade com a Petrojam, estatal petrolífera daquele país, também tem um empreendimento no mesmo sentido.

Para a Bioagência, as apostas no Caribe fazem todo sentido, uma vez que a companhia exporta cerca de 600 milhões de litros dos 2,4 bilhões de litros de álcool que comercializa por ano de suas usinas associadas.

Os primeiros embarques da Biagência começam a ser feitos a partir de maio. A planta está prestes a ser inaugurada, após investimentos de cerca de US$ 10 milhões. Esse aporte não foi feito pela companhia, mas pelo arrendatário, que a construi com este objetivo.

Atualmente, as exportações brasileiras de álcool para os Estados Unidos não são viáveis economicamente. O galão (3,78 litros) do etanol nos EUA está cotado entre US$ 1,65 a US$ 1,70. O litro do álcool hidratado está cotado a R$ 0,83. Para valer a pena entrar hoje diretamente nos EUA teria de custar cerca de R$ 0,60. "Para entrar direto nos EUA, o álcool brasileiro paga uma tarifa de US$ 0,54 por galão. Já via Caribe, não há a tarifa de importação, mas tem os custos de reindustrialização e o frete", afirmou Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).

Nesta safra 2008/09, que se encerra neste mês, os EUA devem importar direta e indiretamente, dois terços dos 4,2 bilhões de litros exportados pelas usinas do Centro-Sul do país. Até fevereiro, os embarques acumulados da safra somam 4,1 bilhões de litros. (Colaborou Ricardo Balthazar, de Washington)

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