Título: Ministros temem efeito sobre investimentos
Autor: Rosas , Rafael
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2009, Política, p. A9

Integrantes do governo demonstraram preocupação com os investimentos da Petrobras devido à decisão do Senado de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a empresa. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, citou a construção de refinarias e o desenvolvimento da região do pré-sal como projetos que poderão sofrer, caso a CPI influencie negativamente os investimentos da companhia.

"Pode prejudicar alguns investimentos. O próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está em uma viagem em que ele procura obter mais investimentos para a Petrobras aplicar em obras gigantescas, como as refinarias", destacou Lobão, acrescentando não ter tido conhecimento, até agora, de nenhuma comunicação de autoridades chinesas ou de investidores japoneses sobre preocupações com o andamento da CPI.

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que seria um risco "atrapalhar" a empresa, que, segundo ele, investe anualmente 1% do PIB. "Não sei se vai atrapalhar o investimento. Espero que não", ponderou Mantega. "Depende de como for conduzida a CPI. Se for de forma benigna, não vai atrapalhar, até porque acho que não vão encontrar nada contra a Petrobras", disse. Ambos os ministros participaram da abertura do 21º Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae).

Em São Paulo, onde participou do programa "Roda Viva", da TV Cultura, o senador Álvaro Dias (PSDB-SP), autor do requerimento de abertura da CPI disse que "o que desvaloriza é corrupção, impunidade, isso desvaloriza, isso joga no chão, isso quebra a empresa. Agora, buscar seriedade, investigar, de forma nenhuma isso desvaloriza a empresa."

Sobre um possível depoimento do presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, Dias foi cético: "A mim não altera absolutamente nada a palavra do presidente da Petrobras. Ele não vai me convencer, os fatos já existem. A palavra do presidente não anula os fatos. A palavra do presidente da Petrobras não absolve ninguém que tenha praticado eventualmente um ato ilícito. A palavra do presidente da Petrobras não é habeas corpus para corrupção de ninguém." (Com agências noticiosas)