Título: Lula defende que PT amplie leque de alianças em 2010
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 22/07/2009, Política, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou ontem que o PT precisa compreender que para se manter no poder o partido precisa estar aberto a uma política de alianças mais ampla. A declaração do presidente foi quase uma antecipação do que será discutido entre Lula e a bancada paulista do partido em reunião que deve acontecer na noite de hoje durante um jantar em Brasília. "O PT tem 29 anos, tem maturidade suficiente para saber que, para chegar ao poder, é preciso ampliar o leque de alianças políticas", disse o presidente o presidente da República.

O encontro, acertado entre o chefe de gabinete pessoal da presidência da República, Gilberto Carvalho, e o presidente do PT-SP, Edinho Silva, vai servir para Lula ouvir pessoalmente das lideranças petistas de São Paulo como está a disputa no Estado, onde ainda não estão definidos nem o nome do candidato do PT quanto de seu principal adversário, o PSDB.

Por enquanto, o PT não tem um nome forte para a sucessão em São Paulo. O único pré-candidato da legenda é o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, lançado por um grupo de deputados estaduais do PT e que tem participado de diversos eventos públicos de campanha. A seu favor, existe a imagem de experiência administrativa - é prefeito reeleito de Osasco - e conta com o apoio de boa parte da máquina partidária do Estado. Contra ele, pesa o fato de ser um nome pouco expressivo para uma disputa de tal envergadura.

A declaração de Lula deixa margem para uma aliança com o PSB, que poderá lançar a candidatura do deputado Ciro Gomes (CE). Ciro já estabeleceu domicílio eleitoral em São Paulo, um dos pré-requisitos para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Também decidiu que não concorrerá novamente a um mandato de deputado federal, por não ter se adaptado à "rotina legislativa".

Mas o próprio Ciro, cuja candidatura ao governo do Estado vem sendo incentivada pelo pedetista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, não deixa claro qual será sua decisão. O pessebista lança sinais ambíguos, ora elogiando a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff - candidata do PT à presidente -, ora anunciando que deixará a disputa presidencial caso o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB) vença as prévias e seja o candidato tucano à sucessão de Lula.

Um dos integrantes da cúpula do PT acha difícil qualquer decisão nesta primeira conversa entre Lula e a cúpula partidária. Alega que os pré-candidatos ainda não se colocaram de fato e não há certeza sobre a melhor alternativa para o PT neste momento: apresentar um nome próprio ou apoiar um aliado. O nome de Ciro não é totalmente refratário na legenda, mas o partido estuda outras opções. Lula gostaria de ver o deputado federal Antônio Palocci (PT-SP) como o candidato do partido.

O empecilho, por enquanto, é o julgamento que Palocci terá enfrentar no Supremo Tribunal Federal, acusado de quebrar o sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa. Caso seja inocentado, Palocci se torna um dos favoritos para ser o candidato