Título: Brasil na mira dos estrangeiros
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 04/03/2010, Economia, p. 25

Conta financeira, que reúne aplicações em bolsa de valores e em títulos públicos, atingiu US$ 1,8 bi em fevereiro, 55% acima de janeiro

A perspectiva de alta da taxa básica de juros (Selic) e a melhora do humor no mercado internacional, depois do susto com a Grécia, recolocaram o Brasil no radar dos investidores estrangeiros, que ampliaram o fluxo de dinheiro para o país. Segundo o Banco Central, a conta financeira, que agrega as aplicações em bolsa de valores e em títulos públicos, além dos investimentos diretos, fechou fevereiro com saldo positivo de US$ 1,886 bilhão, resultado 55% superior ao registrado em janeiro. ¿Mantido esse quadro, não será surpresa se o preço do dólar voltar a um patamar bem próximo de R$ 1,75¿, disse o economista Felipe França, do Banco ABC Brasil.

Para ele, passado o temor de uma nova crise global, que engolfaria, além da Grécia, também Portugal, Espanha e Irlanda, os investidores retomaram o apetite pelo risco. E o Brasil, que deve apresentar uma das melhores taxas de crescimento econômico do mundo neste ano, despontou como uma das melhores opções. ¿Felizmente, percebeu-se que os problemas na Europa não vão afetar o Brasil de forma substancial. Além disso, há a perspectiva de elevação dos juros, que favorece a aplicação em papéis do governo¿, afirmou. Por isso, a seu ver, pelo menos a curto prazo, a tendência do dólar é de baixa, até porque o país receberá uma leva importante de capital externo, fruto dos lançamentos de ações de empresas com a OSX, a Brasil Properties e a Gafisa.

Nem mesmo o fato de a moeda americana ter recuperado o fôlego ontem, pondo fim a uma sequência de três dias consecutivos de baixa, e encerrado o dia com alta de 0,45%, valendo R$ 1,790, diminuiu a aposta de valorização do real nos próximos dias. ¿Eu acredito que a tendência da moeda brasileira é de alta, já que está com desempenho inferior ao de outras moedas de países emergentes¿, assinalou Zeina Latif, economista-chefe do Banco ING. ¿É muito provável, sim, que o dólar caia até R$ 1,75¿, frisou. Pelas suas contas, enquanto o real registra baixa ante o dólar de 2,69% desde o início de janeiro, o peso colombiano subiu 7,77% e o peso mexicano, 2,90%.

Balança

Zeina reconheceu, porém, o fraco desempenho da balança comercial, que tende a incrementar a piora das contas externas do país e, por tabela, a conter a recuperação do real frente ao dólar. No mês passado, por exemplo, mesmo com o fluxo financeiro tendo sido positivo, o saldo final do movimento cambial foi negativo em US$ 399 milhões ¿ o primeiro deficit mensal desde março de 2009.

A conta comercial registrou rombo de US$ 2,285 bilhões, devido ao aumento das importações para abastecer o consumo interno e à franca demanda pelas exportações brasileiras, uma vez que as economias mais ricas do planeta ainda estão patinando. ¿O importante é que o fluxo de recursos externos para o Brasil está robusto e diversificado¿, destacou. Com o dólar em alta ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa) recuou 0,20%, para os 67.641 pontos.

O número US$ 2,285 bilhões Nonno ono ono ono no no Rombo Total do rombo da conta comercial em fevereiro devido à maior expansão das importações feitas pelo Brasil que das exportações