Título: 21% das rodovias privatizadas têm más condições
Autor: Rodrigo Bittar
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2004, Brasil, p. A-2

Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) sobre a situação das estradas mostra que 74,7% dos trechos pavimentados têm algum tipo de deficiência. É um resultado ligeiramente pior do que o verificado em 2003, quando 74% das rodovias foram avaliadas de maneira negativa. O levantamento engloba as rodovias federais - em sua totalidade -, estaduais e privatizadas e mostra que a pior situação está naquelas sob administração federal e estadual, onde 83% dos trechos apresentam problemas. Mesmo no caso das terceirizadas - que cobram pedágios -, 21,6% estão em estado considerado "deficiente, ruim ou péssimo". "A existência de rodovias privatizadas em mau estado de conservação mostra que a fiscalização do governo não está eficiente", disse o presidente da CNT, Clésio Andrade. Foram utilizados três critérios na avaliação das rodovias: as condições do pavimento, da sinalização e a geometria da pista. As melhores notas foram concedidas na classificação do pavimento, que teve avaliação "ótima" para 36,2% dos 74.681 quilômetros analisados e "boa" para outros 7,7%. A situação da sinalização recebeu avaliação positiva em 34,7% da extensão, enquanto a geometria foi bem classificada em apenas 19,3% dos trechos. Em termos regionais, a CNT verificou que das 20 melhores estradas brasileiras, 19 passam pelo Estado de São Paulo - onde 75% dos trechos pesquisados foram considerados bons ou ótimos - e 18 são administradas por empresas privadas. O trecho entre São Paulo e Limeira (SP-150 km) foi o único a obter nota máxima pela pesquisa. Entre as 20 piores rodovias estão 12 do Nordeste. O trecho com pior avaliação, no entanto, está no Sudeste: a ligação entre Lorena (188 km de São Paulo) e Poços de Caldas (MG) foi a única a obter classificação "péssima" pela entidade. Clésio Andrade também criticou as medidas de recuperação desenvolvidas pelo governo federal nos últimos anos. Segundo ele, há um trecho de 10 mil a 20 mil quilômetros que precisa ser "totalmente reconstruído".