Título: Desemprego e déficit dominam hoje debate presidencial nos EUA
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Fonte: Valor Econômico, 13/10/2004, Internacional, p. A-7

O presidente George W. Bush e o candidato democrata John Kerry se encontrarão novamente esta noite em Tempe (Arizona), no último debate antes da eleição presidencial nos EUA, em 2 de novembro. Ao contrário dos dois debates anteriores, em que a política externa e o Iraque dominaram a discussão, o tema desta vez será a economia americana. Como nos debates anteriores, este vai durar 90 minutos e começará às 22h (horário de Brasília). Assim como tem feito em relação à guerra, Kerry não cansa de lembrar o eleitorado que Bush foi a primeiro presidente desde Herbert Hoover, na década de 30, a governar sob enxugamento no mercado de trabalho. Até mesmo durante o governo de seu pai, George Bush, que perdeu a eleição de 1992 por conta do mau desempenho econômico, houve um acréscimo de 2,3 milhões de empregos. Hoje, há menos 821 mil americanos empregados que em janeiro de 2001, quando Bush assumiu o cargo. Para complicar, 3,7 milhões de americanos entraram no mercado de trabalho no período. A taxa de desemprego subiu de 4,2% em 2001 para 5,4% em agosto. Qualquer movimentação semanal de pedidos de auxílio-desemprego tem chamado muito mais a atenção neste período eleitoral, já que tanto democratas como republicanos usam o desempenho do governo Bush em relação a empregos na campanha. Apesar da situação econômica dos EUA estar pior hoje que há quatro anos, ela está melhor que no ano passado, quando o desemprego passou da casa dos 6%. Além disso, o agudo déficit fiscal e a série de cortes fiscais criados por Bush mascaram alguns problemas do país, dizem analistas, o que deverá ser um prato cheio para o candidato democrata. O economista Paul Ashworth, da consultoria Capital Economics, disse não acreditar que Bush perderá a eleição por conta da economia, como seu pai. Para ele, os Estados que estão em pior situação estão mais definidos politicamente, e vice-versa. Em Massachusetts, por exemplo, terra natal de Kerry, a taxa de desemprego mais que dobrou no governo Bush, mas o impacto é praticamente nulo. Mesmo que tivesse diminuído, diz o economista, o Estado não tem tradição em votar nos republicanos. Já Novo México e Flórida, onde a eleição em 2000 foi altamente disputada, boa parte do desemprego dos últimos três anos foi revertido. A chance de o candidato democrata sair ganhando, acrescenta Ashworth, seria em Ohio e Oregon, onde o desemprego e a renda despencaram. No Colorado, a situação é semelhante - e Bush poderá amargar uma derrota depois da vitória 2000. Nos últimos dias, Bush acusou o rival democrata de Kerry é um "esquerdista perigoso que quer aumentar o papel do Estado". "Por mais que dissimule, Kerry mostrou porque é conhecido como o membro mais liberal dos EUA", disse Bush, que se descreveu como "conservador compassivo", o mesmo slogan usado em 2000. Os candidatos estão de olho nos 8% de eleitores indecisos. Pesquisas mostram ainda que 15% poderiam mudar de opção na hora "H".