Título: Acesita ganha no trimestre, mas já vê sinais de retração nos preços
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2005, Empresas &, p. B2

O preço do aço inoxidável poderá ter um leve recuo até o final do ano, após experimentar patamares recordes ao longo de 2004. "Já observamos neste ano uma queda discreta na demanda", afirmou ontem o diretor financeiro e de relações com investidores da Acesita, Gilberto Audelino Correa, ao comentar os resultados financeiros da empresa no primeiro trimestre. Segundo o executivo, há um realinhamento dos estoques na Europa e nos Estados Unidos, que acaba puxando os preços para baixo. No cenário interno, os juros altos e a desvalorização do dólar acabam retraindo novas encomendas. O lucro líquido da empresa entre janeiro e março foi de R$ 177 milhões, um resultado 76,8% superior em comparação ao mesmo período em 2004. Em relação ao último trimestre do ano, porém, houve queda de 31,4%. Segundo Correa, esse declínio foi provocado pela não realização de ganhos monetários, a partir da valorização do real perante o dólar sobre a dívida indexada a moeda estrangeira. Já a receita líquida alcançou R$ 911,5 milhões no primeiro trimestre, um salto de quase 10% em relação ao último trimestre de 2004 e de 35,6% ante o mesmo período do ano passado, graças à evolução dos preços médios da empresa neste intervalo. Entre janeiro e abril deste ano, o preço praticado pela Acesita para a tonelada do aço inoxidável era de cerca e R$ 8 mil a tonelada, praticamente estável em comparação com o trimestre anterior. O volume de vendas de produtos siderúrgicos foi de 187,7 mil toneladas, um aumento de 8% em comparação ao mesmo período do ano passado. O mercado interno foi responsável por 69% do volume comercializado. O segmento de aços inoxidáveis respondeu por 54,6% das vendas, enquanto os siliciosos somaram 45,6 mil, de acordo com o balanço da empresa divulgado ontem. Já as exportações, de 60 mil toneladas, tiveram um declínio de 3%. Correa disse que a siderúrgica deixou de vender para o mercado chinês para atender às encomendas internas. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) foi de R$ 294,4 milhões, um salto de 40% em comparação ao primeiro trimestre em 2004. Já a margem lajida ficou em 32,3%. O endividamento líquido da empresa, de R$ 954 milhões no fim de março, não chega a ser uma vez o lajida da empresa, o que, de acordo com o diretor financeiro, garante segurança à companhia. Cerca de 70% da dívida da Acesita vence a longo prazo.