Título: Países anunciam pré-acordo de cooperação em energia
Autor: Daniel Rittner e Taciana Collet
Fonte: Valor Econômico, 11/05/2005, Brasil, p. A6

Brasil, Argentina e Venezuela anunciaram ontem um pré-acordo trilateral para aumentar a cooperação na área energética. A idéia é desenvolver projetos comuns envolvendo as respectivas estatais de petróleo, nos setores de exploração, refino e transporte de derivados. O acordo, cujo texto foi aprovado e será submetido aos presidentes de cada país, está sendo chamado de "Petrosul". Segundo o assessor de assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, a iniciativa de intensificar a cooperação entre Petrobras, PDVSA e Enersa não pode ser confundida com a criação de uma estatal sul-americana. "Não se trata de uma companhia de petróleo, que isso fique bem claro", esclareceu Garcia, referindo-se à Petrosul. Três projetos receberam do assessor presidencial a classificação de prioritários: a exploração conjunta de óleo bruto em Orinoco (Venezuela), a construção de uma nova refinaria no Nordeste brasileiro e a exploração de gás natural em mar aberto na Argentina. A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, explicou que a Argentina deverá ter participação acionária "simbólica" na refinaria nordestina. Dilma mencionou outras áreas de cooperação, como a interconexão das redes de energia elétrica por meio de linhas de transmissão. De acordo com ela, o acordo deverá ser assinado na próxima reunião entre os presidentes Lula, Kirchner e Chávez. Os três chefes de Estado devem voltar a reunir-se em junho, em Buenos Aires. Os ministros da área energética terão encontros regulares para discutir o andamento da Petrosul, provavelmente duas vezes por ano. O subsecretário de Integração Econômica da Argentina, Eduardo Sigal, observou que a possibilidade de ser firmado um acordo de caráter energético entre os três países terá reflexos em toda a América do Sul e será uma contribuição para a consolidação da Comunidade Sul-Americana de Nações. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ressaltou que tanto ele como os presidentes brasileiro e argentino estão seguros do papel que precisam desempenhar, "que pode ser definitivo para o futuro do povo sul-americano." Segundo ele, isso ficou bem claro durante as três horas de conversa que tiveram na noite de segunda-feira, na Granja do Torto.