Título: Barbalho veta vídeo
Autor: Iunes, Ivan; Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 03/04/2010, Política, p. 4

O juiz da 10ª Vara Cível de Ananindeua (PA), Antonio Jairo de Oliveira Cordeiro, determinou na quinta-feira que a Google do Brasil retire do YouTube, no prazo de dez dias, dois vídeos onde o prefeito do município, Helder Barbalho (PMDB), aparece reunido com umbandistas durante a campanha eleitoral passada. Nos vídeos, editados por adversários políticos do prefeito, Barbalho é chamado de ¿macumbeiro¿, sugerindo que ele e seu pai, o deputado federal Jader Barbalho (PMDB), teriam feito ¿pacto com o demônio¿ para ganhar eleições no Pará. O prefeito também pede na ação judicial contra a Google o pagamento de indenização por danos morais, mas isso terá de ser feito em outro processo. Em 2008, época em que os vídeos apareceram no YouTube, Barbalho era candidato à reeleição e vinha cumprindo extensa agenda de campanha. Em um desses compromissos, compareceu a evento organizado por uma comunidade afro-religiosa ligada à umbanda. Pais e mães de santo manifestam simpatia pelo candidato. Segundo Cordeiro, sua decisão ¿não configura censura ou controle editorial prévio sobre o conteúdo do sítio¿, mas somente ¿restringe o acesso¿ aos vídeos apontados. Para o juiz, o preconceito religioso que emana dos vídeos sem áudio apresenta legendas que evidenciam a ¿intolerância contra a prática de outros credos ou cultos religiosos¿.

Medieval

Barbalho disse ter sido agredido em sua imagem de homem público por pessoas movidas por ¿comportamento medieval¿ e incapazes de aceitar, numa sociedade civilizada, o ¿pluralismo religioso¿. Na avaliação do prefeito, a tentativa de jogá-lo contra outras religiões não só não deu certo como ainda revelou o perfil ¿discriminador e intolerante¿ dos adversários. Sobre o valor da indenização que pretende obter do Google, Barbalho adiantou que prefere deixar a critério do juiz. ¿Estou feliz com a decisão da Justiça, porque isso demonstra que pessoas lesadas em sua honra e imagem podem obter reparação¿, resumiu o prefeito de Ananindeua. A diretoria de comunicação da Google Brasil foi procurada, mas até o fechamento desta reportagem não retornou para comentar a decisão da justiça paraense em favor de Helder Barbalho.