Título: Consumidor valoriza ética nas corporações
Autor: Silvia Torikachvili
Fonte: Valor Econômico, 10/06/2005, Empresas &, p. B2

O consumidor começa a valorizar a responsabilidade social corporativa como um novo atributo competitivo. Essa nova consciência aparece claramente nas pesquisas do Instituto Ethos a partir do cruzamento dos indicadores da entidade com a preocupação dos consumidores, segundo levantamento do Instituto Akatu. Os dados são claros: 44% dos consumidores acreditam que a empresa deve ter uma postura ética, enquanto 70% defendem um envolvimento da organização em ações sociais. Entre os funcionários 90% entendem que suas empresas devem se preocupar com responsabilidade social. Os dados foram apresentados ontem durante o segundo dia da Conferência do Instituto Ethos, em São Paulo. "O consumidor quer saber o que a empresa está fazendo", disse Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. "Consumo consciente está à mão, mas demanda informação". E as informações não são nada animadoras. Hoje, o mundo consome 20% a mais do que o planeta consegue renovar. Mais: se todos os habitantes do mundo consumissem na mesma medida dos países ricos, seriam necessários quatro planetas. Motivar o consumidor e conscientizar as empresas da necessidade de sua importância em face do consumo parcimonioso é um trabalho ainda por fazer, segundo Hélio Mattar. Para tanto, o consumidor é o protagonista. "Uma das vias é a sustentabilidade do cidadão, que vai multiplicar a informação", diz Hélio. Quanto às empresas, o papel é desenvolver ações. A propósito, o Instituto Ethos acaba de lançar a campanha de responsabilidade social que propõe a viabilidade de uma sociedade empresarial responsável, mobilizada e participativa. A campanha foi desenvolvida pela Adag Publicidade na forma de filme para TV, spot de rádio e anúncio de página dupla. Na peça, um empresário caminha em volta de mesas e cadeiras vazias, falando em tom reflexivo, que a empresa existe para dar lucro a seus acionistas. E pondera a si mesmo que a natureza existe há bilhões de anos e poderá se adaptar a qualquer situação. Na seqüência, aparece sua secretária comunicando que está saindo. E, por fim, pergunta: "O senhor apaga a luz?" A comunicação sobre o que a empresa anda fazendo é um dever da corporação. O desafio é utilizar as ferramentas certas, segundo Gilberto Galan, diretor da Galan & Associados Responsabilidade Social e Comunicação, que também falou ontem na Conferência do Instituto Ethos. Entre as possibilidades de comunicação Galan cita relações com a imprensa, comunicação interna, merchandising, marketing direto, eventos, relações com a comunidade, design e produção de embalagem - processo que deve acontecer em paralelo com a cadeia produtiva. Em se tratando de comunicação e marketing, Galan recomenda que os profissionais internos sejam sensibilizados e educados para a ação. "Os novos conceitos devem estar no DNA das pessoas e começa pelo topo da organização", diz ele. Galan chamou particularmente a atenção para a empresa não abafar nem esconder qualquer crise por menor que seja. "Pode ser doído, mas qualquer fato deve ser comunicado à imprensa antes que ela descubra", observou. "Comunicar o público interno também é um caminho importante. Afinal, é uma grande mídia." (ST)