Título: Varig acerta cronograma para devolver 11 aeronaves
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2005, Empresas &, p. B3

A International Lease Finance Corporation (ILFC) acertou com a diretoria da Varig a retomada de quatro aviões do modelo 737, que fazem vôos de linhas domésticas, nesta sexta-feira. Esse será o primeiro lote de jatos entregues pela companhia aérea à empresa de leasing, que na semana passada exigiu a devolução após frustradas tentativas de receber parcelas atrasadas do contrato de arrendamento de 11 aeronaves. Os demais aviões - mais um 737, quatro unidades do modelo 757 e outras duas unidades do modelo 777, usado apenas em rotas internacionais - serão devolvidos ao ritmo de um por semana, até completar o total de 11 unidades, segundo um executivo da Varig. Três fontes diferentes do setor aéreo afirmaram que, das aeronaves a serem devolvidas na sexta, pelo menos duas irão para a Gol em questão de dias. Dos quatro aviões, dois são versões mais antigas do modelo 737 (versão 300) e outros dois são da geração mais nova (versão 700), similares à frota atualmente usada pela Gol. A informação que circulava com força ontem, no mercado de aviação, era de que a concorrente da Varig absorveria os dois jatos 737-700. Esses últimos são considerados mais econômicos e eficientes do que a geração anterior. A ILFC, credora da Varig, é controlada pela AIG International, que detém 0,5% de participação acionária na Gol. Consultada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Gol não conseguiu confirmar a informação com os executivos da empresa. O fato é que a devolução dos aviões começou a movimentar o setor. Com o aquecimento da demanda em escala mundial, ficou mais difícil para as companhias aéreas achar aeronaves disponíveis, para expandir a frota. A BRA, recém-autorizada pelo Departamento de Aviação Civil a iniciar suas operações regulares -- hoje ela faz apenas vôos fretados -, está interessada em arrendar os quatro 757 que serão retirados da Varig e ampliar a oferta de assentos em vôos charter na América Latina. Ontem, a diretoria da Varig se debruçava sobre as alternativas possíveis para remanejar a malha aérea após a devolução dos 11 aviões. Duas decisões foram tomadas: não haverá diminuição de vôos na ponte aérea Rio-São Paulo e não serão cortadas freqüências das linhas internacionais. As aeronaves 757 atendiam rotas na América do Sul. Para essas linhas, provavelmente serão remanejados aviões menores, devendo implicar queda do número de assentos oferecidos. O maior prejuízo será sentido em rotas domésticas menos lucrativas, que terão freqüências diminuídas para permitir que os aviões atendam os vôos mais procurados. A Varig reconhece que a estratégia evitará o pior, como perda do direito de operar esses trechos, mas levará a uma queda em sua participação, estimada em pelo menos dois pontos percentuais. Em abril, a Varig foi ultrapassada pela Gol na vice-liderança do mercado doméstico. Em maio, sua participação estava pouco acima de 26%. Um especialista em aviação lembra que a Varig terá perda de receita, por causa da redução no número de passageiros, mas a despesa vai variar muito pouco - uma vez que o arrendamento dos aviões já não era pago. Hoje, os membros do conselho de administração da Varig se reúnem em Brasília com o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, e com a cúpula da equipe econômica.