Título: Setor revê crescimento do consumo no país para 2,5%
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 16/06/2005, Empresas &, p. B9

Como soluções individuais de algumas empresas, e até para uma situação de produção regional, a exportação de cimento pode ser importante, mas não vai resolver o problema da elevada ociosidade do setor no país, avalia José Otávio Carneiro de Carvalho, secretário executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC). Segundo informa, as fábricas brasileiras têm capacidade instalada de 62 milhões de toneladas e a produção neste deve, no máximo, ficar em 35 milhões de toneladas. "O que alavanca as vendas domésticas são investimentos em obras de infra-estrutura e aumento da renda das pessoas, proporcionando que elas tenham confiança para investir em construções de uma casa ou fazer a reforma ou ampliação da residência", disse ele. Carvalho relata que desde 1999, quando o país registrou consumo de 40 milhões de toneladas, alavancado pelo plano Real, a demanda local só caiu até 2003. Em 2004 recuperou magros 1,2%. As expectativas para 2005 não nada animadoras. As projeções feitas pela indústria no fim do ano passado - de 3,5% a 4% - acabaram de ser revistas para baixo. "Nossos novos números, com bases no cenário macroeconômico, são de 2,5% de crescimento comparado ao consumo de 2004." Para Carvalho, as exportações são boas para as empresas que montam um sistema logístico e aproveitam oportunidades, mas para o setor como um todo são apenas um paliativo. "São apenas uma ajuda", resume o dirigente. O executivo comenta que grandes países exportadores, caso de Turquia (11 milhões de toneladas em 2004) têm fábricas com vocação para isso. As empresas instalaram unidades junto à costa e investiram em instalações apropriadas. Algo como o que a Votorantim vem fazendo desde 2003 e que CP Cimento e Cimpor planejam fazer, em menor escala, no país. "O Brasil precisa resolver os problemas de infra-estrutura, como fez Espanha, que passou de exportador de cimento a importador." Obras em hidrelétricas, saneamento, estradas, hospitais e portos serão a alavanca do consumo, diz Carvalho. Na Europa, infra-estrutura responde por 40% da demanda. No Brasil é menos de 20%. (IR)