Título: Produção de alumínio primário fica estável
Autor: Natalia Gómez
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2005, Empresas & Tecnologia, p. B1

Metais

A produção de alumínio primário no Brasil cresceu 1,1% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando 726,7 mil toneladas. De todas as fabricantes, a que teve maior aumento foi a Albras, com uma quantidade 3,3% maior em relação ao primeiro semestre do ano passado. A Alcoa e a CBA aumentaram 1,7% e 0,6%, respectivamente. A BHP, a Novelis e a Valesul reduziram sua produção, sendo que a maior queda foi a da Novelis, de 2,2%. A previsão da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) para o final do ano é fechar em 1,5 milhão de toneladas, praticamente estável em relação a 2004, quando foram produzidas 1,45 milhão toneladas. A variação, considerada normal pelo setor, se deve a oscilações de produtividade em cada fabricante. "Uma variação pequena sempre é esperada, depende do desempenho dos fornos e de paradas para manutenção", diz Luís Carlos Loureiro Filho, coordenador da comissão de economia e estatística da Abal. Ele explica que os fabricantes de alumínio primário trabalham praticamente sem capacidade ociosa. Por isso, sua produção só varia quando há investimento em capacidade produtiva. Isso deve ocorrer no segundo semestre, quando a CBA, do grupo Votorantim, aumentará sua produção em 60 mil toneladas anuais. Em um primeiro momento, a empresa escoará a maior parte do aumento para o mercado externo, mas com o tempo pretende destinar uma parte para o mercado interno, diz Loureiro, que também é diretor de vendas da CBA. A empresa investiu US$ 1 bilhão para incrementar sua produção, que até 2007 deve atingir 470 mil toneladas por ano. Este investimento inclui incrementos na área de laminação. A partir deste mês, serão produzidas pela CBA 400 mil toneladas anuais. Segundo Loureiro, a participação das exportações no faturamento da CBA varia entre 30% e 50%, dependendo do desempenho do mercado nacional. Hoje, ela fica por volta de 30%. Este ano, a indústria de alumínio, que cresce a uma média de 7% ao ano, espera um crescimento de 8,4%, impulsionada pelo setor elétrico e de peças fundidas para o setor automotivo. As vendas de alumínio para produzir cabos de energia subiram 47% este ano, enquanto as vendas para o setor de fundição aumentaram 14,4% em relação ao ano passado. Com essa expectativa de crescimento, as exportações de alumínio primário devem cair 7,6% para atender a demanda interna, passando de 818 mil toneladas para 760 mil ao ano. Os principais compradores do alumínio primário brasileiro são Estados Unidos, Japão e a Comunidade Européia. Nas exportações que incluem semi-elaborados, a Abal prevê uma queda de 4,6%. Mesmo assim, Loureiro alerta que essas previsões otimistas para o Brasil foram estabelecidas em março, quando não havia tanta insegurança no mercado interno, causada pelos escândalos na política. O dólar desvalorizado é outra preocupação do setor, que teme a redução de receita. Isso deve impedir que o faturamento recorde obtido em 2004, de US$ 7,8 bilhões, se repita este ano. Esse resultado foi cerca de 24% acima dos US$ 6,3 bilhões de 2003. O crescimento dessa indústria nas últimas duas décadas foi expressivo. Em 1983, ela faturava US$ 1,4 bilhão no Brasil.