Título: PT e PMDB ganham força
Autor: Tahan, Lilian
Fonte: Correio Braziliense, 19/04/2010, Cidades, p. 29

Considerada como uma prévia do pleito de outubro, a escolha de Rogério Rosso para comandar o Buriti até dezembro fortalece aliança entre petistas e peemedebistas, além de enfraquecer a base política de Joaquim Roriz

A eleição indireta do último sábado está sendo interpretada no meio político como prévia para a disputa de outubro, quando a população escolherá o governador do Distrito Federal para o quadriênio 2011-2014. De acordo com essa tese, a escolha de Rogério Rosso e Ivelise Longhi, ambos do PMDB, para comandar o Palácio do Buriti até 31 de dezembro deste ano antecipa a formação de uma aliança que deve ser mantida até outubro: a do PT com o PMDB. E abala a pré-candidatura de Joaquim Roriz (PSC), que, ao trabalhar pela chapa derrotada, de Wilson Lima (PR), expôs uma fragilidade. Em três meses, será dada a bandeirada para o início oficial das campanhas que concorrerão às próximas eleições. Nos bastidores, a vitória de Rogério Rosso, trabalhada em conjunto e publicamente entre nove partidos, também contou com apoio decisivo do PT. A despeito da resistência de dois dos quatro distritais petistas (Chico Leite e Érika Kokay), horas antes das eleições a executiva local do partido fechou questão sobre apoiar em segundo turno a chapa construída pelo deputado federal e presidente do PMDB no DF, Tadeu Filippelli. Com a perspectiva de vitória depositada para as eleições de outubro, o PT agiu de forma prática. Juntou-se ao PMDB para enfraquecer seu oponente mais forte, o ex-governador Joaquim Roriz, que no dia das eleições tentou reverter o placar em favor de Wilson Lima. Os distritais não chegaram a colocar em ação o plano costurado pela executiva regional do PT, com a autorização da direção nacional. A expectativa de vantagem em segundo turno se converteu em vitória já no primeiro, o que poupou o PT de votar diretamente em Rosso. O pragmatismo de sábado, acreditam petistas e peemedebistas, deve se repetir em outubro. É provável que as duas legendas lancem para o GDF Agnelo Queiroz e Tadeu Filippelli, ou vice-versa, a depender do cacife político que um governo de oito meses poderá somar ao patrimônio político do peemedebista.

Elogios

Ontem, um dia após a escolha de Rosso para o mandato-tampão, um grupo de petistas que inaugurava a sede do partido no Pistão Sul de Taguatinga explicava à militância a eleição de um peemedebista. O deputado distrital Paulo Tadeu disse que se tratava do resultado menos pior para o PT, porque significava que Roriz havia perdido uma batalha. O pré-candidato Agnelo Queiroz foi mais explícito. Disse que a atitude do PT nas eleição indireta era parte da construção de um conjunto de forças que poderia ajudar o partido a conquistar o governo em outubro. Filippelli endossa as palavras dos neocorreligionários. ¿Não existe um entendimento pronto e acabado. Mas a eleição de Rosso é a prova de um esforço que provou dar bons resultados a Brasília¿, considerou. Ao ser uma das pontas que alçou o partido ao governo, o deputado ressurge no tabuleiro eleitoral com força para negociar candidaturas. Desde o rompimento com Roriz no ano passado e o afastamento do ex-governador José Roberto Arruda em função do escândalo, a situação de Filippelli era considerada desfavorável. Outro nome que se cacifa para as discussões partidárias é o de Alírito Neto (PPS). Junto a Benício Tavares (PMDB), eles pilotaram dentro da Câmara Legislativa o embarque de pelo menos oito deputados na candidatura de Rogério Rosso.