Título: Petistas do Rio divergem sobre permanência no partido
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2005, Política, p. A5

O depoimento do publicitário Duda Mendonça na CPI dos Correios, na semana passada, reforçou o desalento de alguns petistas com a crise política que envolve seu próprio partido e o governo. Alguns deles, como o deputado federal Chico Alencar (PT-RJ) já cogitam deixar a legenda, caso a direção nacional do PT não tome iniciativas enérgicas, como o afastamento de todos os parlamentares relacionados às listas de saques das contas do publicitário Marcos Valério. A derrota de Plínio de Arruda Sampaio nas eleições para a escolha do novo presidente nacional da legenda, marcada para setembro, também colocaria um ponto final na relação de alguns petistas com o PT. Segundo Alencar, estão nessa situação quatro senadores, entre eles, Saturnino Braga (RJ), Eduardo Suplicy (SP), Cristovam Buarque (DF) e Ana Júlia Carepa (PA) e um grupo de 21 deputados. A migração para o PSol, na avaliação de Alencar, seria natural, uma vez que o partido "tem um programa provisório, mais aberto, sem os vícios das grandes legendas". O deputado ressaltou, no entanto, que os integrantes do partido estão respeitando o momento pelo qual os petistas estão passando e "não estão fazendo jogo de sedução". "O PSol seria uma alternativa viável, uma vez que não há tempo para a fundação de uma nova legenda para aqueles que desejam disputar as próximas eleições de 2006", afirmou Alencar. O pré-candidato do PT ao governo do Estado do Rio, Vladimir Palmeira, pensou em deixar o partido, no ano passado, "quando o PT estava no auge" e seus adversários políticos no poder. Mas o afastamento de alguns de seus rivais da direção nacional da legenda e do governo fez com que o ex-deputado federal mudasse de idéia. "O PT atingiu um grande nível de moralização. É hora de permanecer no partido e mobilizar as bases para uma reformulação interna. Eu tenho uma base no PT que clama por mudanças, por isso eu não posso deixá-la nesse momento, a não ser que eles próprios saíssem, o que eu não acredito", afirmou Vladimir. O ex-deputado federal, que em 1998 foi forçado pela direção nacional do PT a desistir da candidatura ao governo do Rio, para que pudesse ser feita uma aliança, vitoriosa, com o então pedetista Anthony Garotinho, defende a convocação de uma Assembléia Constituinte para promover mudanças na estrutura política e administrativa do país. "O Tarso Genro (presidente nacional do PT) fala em refundar o PT. Eu falo em refundar o país", disse Vladimir. Refundar o Brasil, em sua avaliação, significaria, em primeiro lugar, tornar inelegíveis os atuais deputados e senadores envolvidos com algum tipo de ilegalidade. "Para o PT poder dialogar com a sociedade terá que cortar na própria carne", afirmou o pré-candidato. Segundo Alencar, Alessandro Molon é o único deputado da bancada petista fluminense que faz parte do grupo dos dissidentes.