Título: Brasil e Argentina discutem salvaguardas
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 18/08/2005, Brasil, p. A3

Quase um ano depois de a Argentina anunciar de maneira unilateral que não aceita a entrada em vigor do livre comércio de automóveis no Mercosul a partir do ano que vem, o assunto será tratado hoje oficialmente pela primeira vez entre representantes dos dois governos. O tema será discutido em Buenos Aires em reunião do Comitê Automotivo do Mercosul, com a participação de representantes do Ministério do Desenvolvimento e do Itamaraty. A situação ficou indefinida depois de o presidente argentino, Néstor Kirchner, ter dito, em setembro do ano passado, que não aceita a liberalização a partir de 1º de janeiro de 2006, como está previsto no acordo atual. A reunião ocorre depois de o setor privado brasileiro ter mostrado preocupação em relação à lentidão dos governos em determinar as novas regras de funcionamento do comércio. Do lado argentino, as empresas querem que a liberalização ocorra a partir de 2008. O governo, entretanto, se nega a definir uma data e afirma que o livre comércio só poderá vigorar quando o setor industrial do país tiver melhores condições de competir com o Brasil na atração de investimentos. O encontro ocorre paralelamente à reunião entre o secretário de Indústria argentino, Miguel Peirano, e o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho. Os dois comandam a reunião da comissão de monitoramento do comércio bilateral. Os funcionários vão abordar os problemas dos setores onde há conflitos e continuar debatendo a proposta argentina de implantar salvaguardas para a sua indústria. Em caso de dano a algum setor, o governo argentino quer a adoção de uma proteção tarifária por três anos, prorrogável por mais um.