Título: Para Aécio, discutir candidatura de Alckmin em 2006 é prejudicial
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 04/11/2004, Política, p. A-6

Antecipar a discussão sobre a candidatura tucana à Presidência em 2006 não interessa a ninguém, nem mesmo ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o mais cotado como candidato depois da vitória do PSDB em São Paulo. É o que diz o governador de Minas, Aécio Neves. "Estou entre aqueles, acredito, ao lado do governador Alckmin, com quem conversei neste fim de semana, que não querem antecipar o processo eleitoral", disse ele, que só ontem comentou os resultados do segundo turno eleitoral. Segundo Aécio, Alckmin é um dos grandes nomes do PSDB, independentemente do resultado das eleições. Mas apesar de reconhecer o prestígio do paulista, disse que a discussão sobre uma eventual candidatura do paulista é prejudicial e pode contaminar a administração dos Estados. "Existe um número expressivo de propostas, seja no Congresso Nacional, e mesmo nas Assembléias Legislativas de cada Estado, que precisam ser discutidas com serenidade com base no mérito e não numa disputa política", argumentou o governador mineiro. A primeira conseqüência da antecipação "artificial" de 2006 será, de acordo com Aécio, a paralisia ainda maior do Congresso Nacional. "O PSDB tem quadros extremamente qualificados e o governador Geraldo Alckmin se desponta dentre esses quadros", afirmou. "Por isso, nós temos uma grande tranqüilidade para chegar a 2006, mas não vamos chegar antes da hora." Ao contrário de Geraldo Alckmin que comemora a vitória na capital paulista, Aécio Neves amarga a derrota nos dois maiores colégios eleitorais de Minas, a capital Belo Horizonte e Contagem. A petista Marília Campos venceu as eleições de domingo, derrotando o prefeito tucano, Ademir Lucas, que tentava a re- eleição. O candidato apoiado por Aécio na capital, João Leite (PSB), já havia perdido para o petista Fernando Pimentel no primeiro turno. "Costumo dizer que eleição municipal é eleição municipal, os fatores locais é que são os grandes definidores do processo", comentou ontem o governador. "Nem acho que sou o responsável, por exemplo, pela vitória de Uberlândia ou pela derrota aqui ou acolá." Aécio Neves respondeu ontem a declaração da prefeita eleita de Contagem, que disse esperar por parte do governador tucano tratamento semelhante dado a ele pelo presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva. "Vou dar a ela um tratamento muito melhor do que o presidente Lula tem dado a Minas Gerais até agora, apesar de ser meu grande amigo", respondeu Aécio. "Tenho uma forma de fazer política que já é conhecida dos mineiros: sem revanchismo, sem rancor." Apesar da derrota em Belo Horizonte e Contagem, Aécio disse que não há motivos para costurar uma nova base aliada. Ele argumentou que tem um boa base de sustentação na Assembléia Legislativa do Estado e entre os prefeitos eleitos que de alguma forma fizeram campanha vinculada ao governo estadual. Nas contas do governador, ele saiu vitorioso em 85% dos municípios mineiros.