Título: Acordo entre BNDES e CAF ampliará crédito para obras na América do Sul
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 03/10/2005, Brasil, p. A3

À margem da reunião de cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações, as duas maiores instituições de desenvolvimento do continente, BNDES e Corporación Andina de Fomento (CAF), decidiram coordenar financiamentos a projetos de infra-estrutura na região, o que poderá ampliar as alternativas de recursos para fornecedores brasileiros na América do Sul. A decisão será detalhada em acordo a ser firmado pelas instituições até novembro, segundo informou ao Valor o presidente do BNDES, Guido Mantega. O acordo deverá elevara participação da CAF nas garantias a financiamentos do BNDES em obras na região andina, o que poderá ampliar em pelo menos US$ 1 bilhão os recursos disponíveis para esses projetos. O BNDES, com o acordo, oficializará também o aumento de capital do banco na CAF, hoje em US$ 100 milhões. O banco brasileiro aumentará em US$ 200 milhões o capital, o que fará o Brasil passar da condição de sócio classe C da instituição, para sócio classe A, a mesma dos fundadores, os países andinos (Colômbia, Venezuela, Peru, Bolívia e Equador. Com isso, o país, que hoje pode receber empréstimos equivalentes a quatro vezes o capital mantido na CAF, poderá sacar o oito vezes o capital. Para Mantega, a maior vantagem com o acordo será a possibilidade de obter garantias da CAF para empréstimos do BNDES a obras na região andina. "O maior problema dos nossos fornecedores de serviços e bens no exterior são as garantias", comenta. CAF e BNDES passarão a analisar em conjunto projetos candidatos a financiamento. O BNDES, que só pode financiar empresas brasileiras, terá condições, assim, de dar maior apoio a interesses de fornecedores do Brasil aos países vizinhos. A busca de melhoria nos mecanismos de financiamento a projetos de infra-estrutura na América do Sul foi um dos principais temas da reunião de cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações, encerrada sexta-feira, em Brasília, com a ausência de cinco dos 12 presidentes, e sob críticas de alguns participantes, como os presidentes do Chile, Ricardo Lagos, e da Venezuela, Hugo Chávez. Lagos cobrou a fixação de prazos e ações e reclamou maior objetividade nas reuniões, "para aproveitar melhor o tempo dos presidentes". Chávez, que, com o presidente do Uruguai, Tabaré Vasquez, defendeu a criação de uma Comissão Sul para coordenar as ações da comunidade, chegou a ameaçar não assinar a declaração final do encontro.