Título: "É o conflito político que se acirra", diz Palocci
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2005, Política, p. A7

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, negou ontem as denúncias sobre um suposto financiamento cubano à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sobre a existência de caixa 2 durante durante sua gestão como prefeito de Ribeirão Preto, à antecipação da disputa eleitoral. "Isso faz parte do ambiente de disputa política. É uma denúncia que foi apresentada pelo presidente local do PSDB. Isso não é bom. Um conflito político que estava voltado para a investigação começou a se configurar como um problema eleitoral", disse. Segundo o ministro, há um nível de agressividade maior no debate que. "O clima de conflito político que começa a se precipitar não é positivo para o Brasil", disse. "Talvez estejamos começando um longo processo que se inicia nesse ano até as eleições de 2006". Palocci disse que todos devem ser investigados e que ninguém está acima de quaisquer suspeitas. Para ele, a política "nem sempre se escreve por linhas retas. O ministro afirmou ainda não considerar a oposição irresponsável. "Isso generalizaria uma percepção da oposição que não seria justa. Lideranças do governo e da oposição, em sua grande maioria, têm uma atitude responsável, mas algumas vezes as coisas saem do que seria normal", disse. "Com isso, se substituem investigações por disputas político-partidárias". Palocci preferiu negar que esteja em curso o agravamento da crise, insistindo que o país assiste a um acirramento do processo eleitoral. Ele rebateu a idéia de que a disputa eleitoral possa provocar turbulência no mercado como ocorreu em 2002, citando o controle da inflação e a sólida situação das contas externas como antídotos para a contaminação da economia. "Desde o início da crise política até hoje, o risco-país, a bolsa e o câmbio caminharam para melhor", disse. Ele afirmou que não cederá a pressões políticas ou eleitorais. O ministro elogiou a atuação da política monetária que derrubou a inflação de 7% a 8% no início do ano para os atuais 5%. "O controle de inflação tem bons resultados, embora nunca deixe de ter um custo. É hora de consolidar a conquista".