Título: Acordo comercial entre EUA e países andinos fracassa novamente
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2005, Internacional, p. A9

As negociações do tratado de livre comércio entre os países andinos (Colômbia, Equador e Peru) e os EUA fracassaram na reta final em meio a dificuldades quanto a questões importantes, como agricultura. O Equador anunciou ontem à noite que estava interrompendo as conversas com os EUA, que seriam retomadas em janeiro. Colômbia e Peru, no entanto, continuavam o diálogo. A 14 rodada de negociações estava programada para se encerrar na noite de ontem, em Miami. Com o impasse, não será possível a assinatura do acordo na data prevista, 6 de dezembro. "Nós avançamos consideravelmente na maioria dos tópicos, mas houve pequeno progresso na questão da agricultura", disse o ministro do Comércio equatoriano, Jorge Illingworth. O principal negociador equatoriano, Manuel Chiriboga, disse que em 16 dos 19 temas de discussão houve entendimento. Illingworth afirmou que houve um grande progresso em várias áreas - como bens industrializados, têxteis, investimentos e compras governamentais. Os equatorianos, porém, dizem existir "diferenças enormes" na agricultura - especialmente em relação a arroz e frangos, para os quais o país sul-americano quer proteções extras. As negociações com a Colômbia estão travadas principalmente pela pressão dos EUA para que o país abra o seu mercado agrícola. Chiriboga disse não saber quanto progresso havia sido feito nas conversas dos EUA com Colômbia e Peru, mas disse que se um acordo for conseguido até fevereiro ou março então o tratado comercial deve ser assinado. Contudo, acredita-se que o acordo pode ser atropelado pelo calendário comercial (cúpula da OMC em Hong Kong) e político (eleições na Colômbia e no Peru), podendo ser retomado somente em meados de 2006. A possibilidade de que cada país negocie por sua conta e chegue a um acordo em datas diferentes não seria um problema, segundo Chiriboga. O mais importante, disse o negociador equatoriano, é que o acordo seja ratificado por todos os países até 31 de dezembro de 2006, para que possa entrar em vigor de maneira simultânea.