Título: Setor rejeita proposta em negociação
Autor: Assis Moreira e Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 16/12/2005, Brasil, p. A7

O setor têxtil não está satisfeito com a atual proposta para o acordo de restrição voluntária das importações chinesas, cujas negociações avançam rapidamente entre os governos de Brasil e China. "Não é suficiente. A proposta não atende as nossas necessidades", disse o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel. Ele não detalhou os pontos que não atendem as reivindicações do setor, argumentando que o acordo está em negociação. Mas ele disse que "não estava no script" um avanço das negociações em Hong Kong. "Para uma negociação dessa magnitude, é recomendável uma comitiva técnica acompanhando." Segundo Pimentel, a Abit trabalha com a perspectiva da ida de uma missão técnica a Pequim em janeiro. "Deus e o diabo moram nos detalhes", disse, para ressaltar a necessidade do acompanhamento técnico. "Mas confiamos no espírito público do governo", ressaltou. A Abit não enviou um representante à reunião da OMC porque não acreditava que as conversas entre os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Luiz Fernando Furlan, e do ministro do Comércio da China, Bo Xilai, significariam um avanço real nos entendimentos. Inicialmente, tratava-se de um encontro de cortesia, mas se transformou em uma negociação real por insistência dos chineses. Pimentel ressalta que a negociação está caminhando porque o governo tem consultado o setor privado. Após a retomada das negociações há algumas semanas, o MDIC enviou à Abit um esboço do acordo. Ao mesmo tempo em que negocia o acordo de restrição voluntária, a Abit enviou mais quatro pedidos de salvaguarda ao governo ontem para camisa de malha, jaqueta, calça de tecido sintético, suéter e pulôver. Nos últimos 24 meses até novembro, as importações brasileiras aumentaram 147% para camisas de malha, 231% para jaquetas, 195% para calças de tecido sintético e 183% para suéter. O setor já havia protocolado pedidos para seda, veludo, fios de poliéster texturizado e tecidos sintéticos. A maior parte dos produtos está incluído no acordo de restrição voluntária com a China. "Os dois processos andam em paralelo", diz Pimentel. (RL)