Título: Alckmin espera decisão do PSDB para deixar cargo
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2006, Política, p. A6

Sob pressão de aliados para que se afaste o mais rápido possível do governo do Estado de São Paulo para dedicar-se à campanha pela Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB), postulante à vaga no partido, tergiversou sobre a real possibilidade de sair antes do prazo de desincompatibilização, em 31 de março. Quando questionado sobre sua eventual saída, desconversou e respondeu por três vezes seguidas: "Já coloquei meu nome à disposição do partido". O tucano ficará no cargo até segunda ordem. Em ritmo de campanha, Alckmin tem visitado Estados nos fins de semana. A idéia de tucanos próximos ao governador é a de que, ao abraçar a candidatura, Alckmin forçaria o também postulante José Serra, prefeito de São Paulo, a desistir de concorrer. "Meu nome está colocado e estou extremamente animado. Mesmo sem ser conhecido em todo o Brasil, nós já avançamos bastante. Mas há uma avenida para caminhar. É um tema partidário que precisa ser amadurecido", disse ontem, na assinatura de um sistema de regime tributário simplificado para micro e pequenas empresas. Os aliados de Alckmin querem que ele tenha mais tempo para aumentar sua visibilidade pelo país e crescer nas pesquisas de opinião. No último levantamento feito pelo Datafolha, Serra venceria Lula no primeiro turno e o melhor resultado de Alckmin aparece só no segundo turno, quando empata com o petista. No palanque, o discurso para os empresários foi o de um candidato. O tucano mostrou que quanto mais se aproximar a data da eleição presidencial, mais fortes serão as críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua visão, o governo federal é "perdulário e ineficiente", pela alta carga tributária. Disse que os "brasileiros fazem milagres" para sobreviver às taxas. "Não adianta esconder o sol com a peneira. Para onde vai esse dinheiro?", cobrou. A falta de recursos do governo Lula para obras de combate a enchentes em São Paulo também foi alvo de reclamações. Alckmin alegou que os recursos que o governo paulista recebeu são de 2004 e que em 2005 a União não empenhou o montante. De forma indireta, criticou os investimentos do governo em publicidade nos Estados mais populosos do país. "O governo tem o dever de prestar contas à sociedade daquilo que está fazendo. Mas precisa ser feito com parcimônia, com critério, não deve ter objetivo de natureza política", disse. Pré-candidato, Alckmin alegou que o governo federal não repassou recursos para investimento em rodovias e atacou o deterioração das estradas. "Os Estados não terão condição de recuperar as estradas. Parece-me razoável que o governo recupere e daí faça a transferência definitiva das estradas. Sou favorável à estadualização de um número significativo de BRs". Por meio de nota, o Ministério dos Transportes, contestou as críticas feitas pelo tucano de que Lula não destinou um centavo para as rodovias do Estado. Segundo o ministério, o "governo tem investido recursos na BR-153/SP em toda a sua extensão" e tem feito obras em outros trechos das rodovias . "O processo de estadualização de rodovias, do qual reclama o governador, com amparo da Medida Provisória nº 82/2002, foi realizado em 2002, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso", diz a nota.