Título: Ações para manter os empregados
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2004, Qualidade no Trabalho, p. F4

Se as universidades brasileiras preparam generalistas dentro de uma determinada área, resta às empresas carrear milhões de reais, todos os anos, para complementar o aprendizado específico e necessário dentro da sua área de atuação. Há ainda as que perceberam que apenas capacitar os funcionários e parceiros não é suficiente. Para que o dinheiro e as horas de treinamento investidas não se transformem em arma nas mãos do inimigo, elas criam programas financeiros agressivos para os trabalhadores. Além de investir, em média, cerca de R$ 10 mil por ano no treinamento de cada um dos funcionários, o laboratório de biotecnologia Genzyme adotou um programa financeiro agressivo para garantir que os seus funcionários não trocarão de emprego. "Eles têm salários maiores que os das empresas concorrentes. Somos ousados porque queremos ter a melhor equipe do país", justifica a diretora comercial da indústria, Eliana Tameirão. Dentro do programa de capacitação profissional, a Genzyme banca 100% dos gastos com MBA e, para quem ainda está cursando uma universidade, há uma ajuda de custo que pode variar entre 40% e 80% do valor da mensalidade. Da faxineira ao diretor da empresa, todos têm cursos de inglês. Mais: como os vendedores trabalham com produtos que são comercializados a pacientes com doenças raras, o treinamento é humanizado. Eles fazem uma espécie de estágio dentro de hospitais para ficarem mais sensíveis aos problemas dos pacientes. Na Contax, empresa de telemarketing, há uma preocupação especial com os 23% dos 35 mil funcionários que estão tendo sua primeira experiência de emprego. O presidente da empresa, James Meaney, conta que cada novo trabalhador contratado entra de imediato em um programa de capacitação. Para os gerentes e diretores, a empresa banca, em alguns casos, até 100% dos gastos com um MBA. Entre 2000 e 2003, a Contax investiu R$ 34 milhões em projetos de formação para todos os funcionários. Este ano serão gastos cerca de R$ 18 milhões. Para complementar a formação profissional dos trabalhadores, a Roche montou uma academia de negócios. O pacote de treinamento abrange oito programas de desenvolvimento, com 27 cursos obrigatórios, além de três de comunicação e criatividade, que serão aplicados ao longo da permanência do profissional no setor de vendas. A carga horária mínima é, em média, de 240 horas, por ano, para o representante comercial. Em 2004, os investimentos em educação consumiram R$ 5 milhões, segundo o diretor de Divisão de Medicamentos de Prescrição, João Carlos Ferreira. O Banco Itaú gasta, anualmente, R$ 32 milhões com ações de treinamento e desenvolvimento. De acordo com o diretor de Recursos Humanos, Fernando Perez, são oferecidos treinamentos in company e programas de educação continuada, em parcerias com consultorias e instituições de ensino. Há ainda a possibilidade de os colaboradores cursarem um MBA no Brasil ou no exterior. (E.A.)