Título: BC tenta frear expansão da liquidez
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Fonte: Valor Econômico, 18/11/2004, Finanças, p. C-2

O chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central, Sérgio Goldenstein, disse que a instituição está fazendo operações para evitar uma nova expansão da liquidez na economia em janeiro, para quando está previsto um vencimento de R$ 43 bilhões em títulos públicos prefixados. O volume equivale a 32,6% da dívida em papéis prefixados. De um lado, o BC está comprando títulos prefixados com vencimento em janeiro e, de outro, está vendendo papéis que vencem em abril. A estratégia já reduziu em R$ 4 bilhões o excesso de liquidez esperado para janeiro. "Nosso objetivo é controlar a liquidez", disse Goldenstein. Desde as eleições presidenciais de 2002, quando o Tesouro enfrentou dificuldades para rolar sua dívida, há um excesso de liquidez. Os investidores mantém preferência por dinheiro, que o BC é obrigado a enxugar - para evitar que a taxa básica de juros fique abaixo da meta - por meio de operações de até três meses com títulos públicos. Em 16 de novembro, o excesso de liquidez era estimado em R$ 62,837 bilhões. O excesso de liquidez deixa a economia vulnerável a crises porque facilita a corrida de investidores para ativos reais, como dólar. Também piora a percepção da economia perante investidores internacionais, pois transmite a sensação de que o Tesouro enfrenta dificuldades para vender seus títulos. A dívida interna em títulos cresceu 0,67% em outubro, passando de R$ 771,3 bilhões para R$ 776,5 bilhões. O incremento se deve exclusivamente à apropriação de juros. No mês, houve resgate líquido de títulos, com os vencimentos superando em R$ 4 bilhões as colocações. Dando seqüência a uma tendência observada desde 2003, caiu, de 12,32% para 11,24%, a participação da dívida indexada ao dólar no total, entre setembro e outubro. A queda se deve preponderantemente a um resgate de US$ 2,7 bilhões em instrumentos cambiais. Para novembro, é esperada uma nova queda na dívida vinculada ao câmbio, em virtude de um resgate de US$ 880 milhões. A parcela remunerada pela taxa Selic elevou-se de 53% para 54,15%, enquanto a de papéis prefixados permaneceu praticamente estável, em 17,4%. O prazo médio da dívida recuou de 18,07 para 16,94 meses, em virtude da maior colocação de títulos prefixados em mercado, com prazos mais curtos. (AR)