Título: Acordo permite venda maior de geladeiras para Argentina
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2004, Brasil, p. A-5

O setor privado brasileiro conseguiu fechar anteontem um acordo que amplia a quantidade de refrigeradores que poderão entrar no mercado argentino em 2005. Segundo o acertado entre a Eletros, representante dos eletroeletrônicos do Brasil, e a Cairaa, que reúne os fabricantes da Argentina, a cota mensal passa das 18.160 unidades atuais para 26.354, e o Brasil obteve a garantia de que ocupará 50% do mercado do país vizinho. O acordo tem validade até o mês de dezembro de 2005 . O lado argentino também se comprometeu a não solicitar medidas adicionais de proteção durante a vigência do acordo. "O acordo foi muito satisfatório e equilibrado", qualificou Carlos Chantre, gerente geral da Câmara da Indústria Argentina de Refrigeração e Ar Condicionado. Segundo ele, os termos alcançados permitem conseguir um equilíbrio entre a abertura do mercado local aos produtos brasileiros e "a necessidade da indústria local de ampliar a produção e gerar trabalho". O pacto foi alcançado depois de os dois lados terem conseguido chegar a uma estimativa para o tamanho do mercado de geladeiras do país vizinho. Em julho, os fabricantes dos dois países fixaram cotas provisórias, mas as cifras para o ano que vem dependiam de se chegar a um número que pudesse ser aceito por ambos. Para este ano, a cifra ficou em 550 mil unidades e foi ampliada para 625,5 mil no ano que vem. Deste total, 316.250 serão vendidos pelas fábricas brasileiras, e a produção local deve ocupar 47%, com até 3% reservado para provedores de terceiros países. Uma das cláusulas do acordo prevê que caso a participação de terceiros países supere os 3% acordados (18.765 refrigeradores), o Brasil poderá ampliar suas exportações em igual número de unidades. Assim, se as vendas de terceiros países forem de 20 mil unidades, por exemplo, os fabricantes brasileiros estarão autorizados a despachar 1.235 geladeiras além da cota anual. Além disso, os termos serão revisados em julho, podendo resultar em alterações da cota caso o tamanho do mercado se altere ou haja algum desvio de comércio, e o governo argentino também se comprometeu a monitorar o ingresso de produtos de terceiros países. O documento também prevê uma compensação para os fabricantes brasileiros por causa do aumento do ingresso de produtos de terceiros países desde que o primeiro acordo de restrição voluntária de exportações foi fechado. Considerando-se o tamanho do mercado em 550 mil unidades em 2004, o Brasil já teria praticamente preenchido toda a cota anual correspondente a 50% das vendas, mas devido ao ingresso de refrigeradores de outros países, em especial do México e do Chile, os brasileiros ganharam o direito de extrapolar a cota deste ano em 10 mil unidades. Em dezembro, a cota brasileira de exportação será de 18.160 refrigeradores.