Título: Alckmin reitera disputa e Aécio admite prévias
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2006, Política, p. A12

Eleições Governador de Goiás afirma que, em caso de impasse, José Serra não deverá ser o candidato do PSDB

A resistência do governador paulista Geraldo Alckmin a retirar sua pré-candidatura à Presidência, apesar da vantagem do prefeito paulistano José Serra nas pesquisas e na disposição do PFL em apoiar o oponente, já enfraquece a disposição da cúpula do PSDB em definir rapidamente o nome tucano para a Presidência. Alckmin almoçou ontem com os governadores de Minas Gerais, Aécio Neves, e de Goiás, Marconi Perillo, sem preocupação com discrição: reservou uma mesa em um dos restaurantes mais movimentados de São Paulo, conhecido por suas enormes filas. Aécio chegou ao encontro admitindo a possibilidade de não haver consenso dentro do PSDB para anunciar um candidato. "A prévia é uma possibilidade que não pode ser descartada", disse o mineiro. Perillo propôs que os governadores tucanos tomem uma posição conjunta a favor de um dos candidatos e deixou clara a preferência por Alckmin. "Para o Serra ser candidato, ele tem que ser convocado por todos. Se não, deve continuar na prefeitura. É preciso saber o que o bom senso recomenda. A Prefeitura de São Paulo é o terceiro maior Orçamento do país e abrir mão deste espaço político é algo que precisa ser avaliado", disse o goiano. Segundo Perillo é viável que os seis governadores tucanos que não estão na disputa presidencial (o próprio Perillo; Aécio; Cássio Cunha Lima, da Paraíba; Simão Jatene, do Pará; Lúcio Alcântara, do Ceará e Ottomar Pinto, de Roraima) tomem uma posição conjunta unânime a favor de um dos candidatos. "Nós somos uma instância a ser consultada ", disse. A idéia não contou com a adesão de Aécio, até agora o único governador que está participando do processo de negociação dentro do partido. "Os governadores participam da decisão, mas não creio que seja preciso uma reunião formal", comentou. Sob reserva, aliados do governador afirmam que Alckmin deixou claro que descarta retirar sua candidatura caso o prefeito se lance candidato, o que, em tese, levaria o partido a um processo ampliado de consulta, que poderia ser por prévias, pré-convenção ou reunião do Diretório Nacional. O governador estaria confiante de que Serra só entraria na disputa se tivesse o apoio de todas as lideranças do PSDB, inclusive o seu. Em público, o governador foi comedido. "Se tiver mais de um candidato, nenhum problema. O partido estabelece as regras da disputa. Estou preparado para disputar em qualquer âmbito", afirmou. Em sua articulação com os governadores, Alckmin esteve com o governador da Paraíba, na segunda-feira e irá se encontrar no fim de semana com o do Ceará. Na sexta-feira, o governador de São Paulo deverá ir ao Rio de Janeiro, para encontrar-se com lideranças regionais na cidade de Campos. Já Aécio Neves conversou anteontem com José Serra, antes do prefeito voar para Washington, encontra-se hoje com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e insistiu para que os pré-candidatos tucanos acatem o papel mediador da cúpula do partido. "Nosso maior patrimônio é a unidade e o PSDB não é um partido de aventureiros. E aquele que não for o candidato, será um fundamental general eleitoral daquele que vier a ser escolhido", disse. Os resultados da pesquisa de opinião encomendada pelo partido só serão discutidos internamente na próxima semana, depois que Serra voltar dos Estados Unidos. Aécio propôs que a reunião de avaliação seja feita com os dois candidatos. "Creio que será possível colocar Serra e Alckmin na mesa para analisar o quadro", disse. A pesquisa irá medir o potencial de crescimento de cada um, nacionalmente e nas diversas regiões.