Título: Lula reúne-se com Toffoli, mas evita anúncio de indicação
Autor: Basile , Juliano
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2009, Política, p. A9

O advogado-geral da União, ministro José Antonio Dias Toffoli, quase se tornou, ontem, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Pela manhã, Toffoli teve uma reunião longa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual trataram da vaga aberta no tribunal. Lula está inclinado a indicar Toffoli para o cargo, mas relutou em fazer o anúncio oficial ontem mesmo diante das pressões para que indique um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para a vaga no Supremo.

Após o encontro de ontem, ambos evitaram o assunto. Toffoli evitou contatos com jornalistas. Lula desconversou quando foi questionado sobre a indicação. O presidente afirmou que ainda "está pensando". "Há 190 milhões de brasileiros e eu vou escolher", disse Lula. "Quando eu decidir, terei o imenso prazer de fazer o comunicado oficial de que já escolhi e estou mandando para o Congresso Nacional, mas não tomei a decisão ainda", completou.

Toffoli é o principal assessor jurídico do presidente, o que lhe deu uma larga dianteira nessa disputa. A dificuldade para Lula é que a vaga foi aberta com a morte de um ministro que veio do STJ (Carlos Alberto Menezes Direito, morto de um câncer no pâncreas no dia 1º ). Com isso, há uma pressão para que ele indique outro ministro daquela Corte, inclusive alguém que tivesse mais idade do que Toffoli (com 41 anos) e maior experiência como magistrado.

O ministro Teori Zavascki, 61 anos, é o preferido do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que atuou no STF por dez anos e mantém contatos constantes com a Corte. Zavascki também é bem visto por ministros do Supremo que querem um nome com maior peso jurídico para a vaga de Direito.

O presidente do STJ, Cesar Asfor Rocha, 61 anos, também possui apoios importantes tanto na área jurídica quando no Congresso, onde transita entre várias bancadas, e é forte candidato.

Por fim, o advogado Roberto Caldas conta com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Federal) e do ministro da Justiça, Tarso Genro. Caldas não está fazendo campanha contra a indicação de Toffoli, mas o seu nome foi levado junto ao presidente por mais de um interlocutor direto de Lula.

Os anúncios de ministros do STF por Lula são normalmente antecedidos de um encontro, como ocorreu com Toffoli. Nessas reuniões, a empatia do indicado conta muito para Lula. O presidente ficou encantado com a simplicidade da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, antes de indicá-la para o STF, em 2006. Na época, Cármen Lúcia disputava palmo a palmo a indicação com a professora Misabel Derzi. Ambas eram mineiras e consideradas grandes juristas. Lula simpatizou mais com o "jeitão" de Cármen e ela acabou sendo a indicada. O mesmo aconteceu com o ministro Ricardo Lewandowski, cujo jeito simples de se expressar e o fato de ter morado em São Bernardo do Campo (cidade onde Lula iniciou a sua carreira política) causaram boa impressão e levaram o presidente da confirmar a indicação.

No STF, há ministros que já dão como certa a indicação de Toffoli e outros que acreditam que o jogo ainda está em aberto. A indicação pode acontecer a qualquer momento hoje.

Lula já indicou sete ministros para o STF. No ano que vem, fará a sua oitava indicação, pois Eros Grau completa 70 anos em agosto. A vaga de Grau será disputada em plena campanha eleitoral de 2010, quando Lula deverá receber inúmeros pedidos de aliados políticos a respeito do STF ao mesmo tempo em que forma as alianças para as eleições. Por esse motivo, a disputa se acirrou para a vaga atual. Os nomes mais cotados temem perder a vez para negociações políticas em 2010.

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