Título: Reunião do G-20 fracassa em sua missão
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Fonte: Valor Econômico, 09/11/2009, Internacional, p. A11

O G-20, grupo dos 20 países que representam 85% da economia global, designou a si mesmo como "o principal fórum para nossa cooperação econômica internacional" na cúpula de Pittsburgh, em setembro. Os líderes do G-20 pediram aos seus ministros das Finanças que, nesse final de semana, fizessem progresso no que diz respeito a financiar o ajuste às mudanças climáticas e a garantir que a recuperação mundial seja forte, sustentável e equilibrada.

A julgar pelo progresso na agenda, os resultados foram mistos. Os ministros das Finanças, reunidos na Escócia, não conseguiram cumprir a missão dada pelos seus líderes em Pittsburgh, mas parecem favoráveis ao G-20 como fórum. Eles ainda acham que é possível conseguir uma recuperação global mais equilibrada, mas outras iniciativas fracassaram.

A cúpula de Pittsburgh deu aos ministros uma tarefa aparentemente simples: "os membros do G-20 vão acertar objetivos comum de políticas". Questionado se isso havia sido obtido, o britânico Alistair Darling, insistiu que os objetivos comuns "continuam como definidos em Pittsburgh", aparentemente esquecendo-se de que esses objetivos ainda não existem.

Fontes próximas ao G-20 dizem que foi impossível acertar políticas comuns. Mas progresso, porém, foi feito quanto a prazos para aferir se os países estão adotando políticas que são do interesse coletivo, e não apenas do interesse próprio dos países.

O G-20 concordou em definir marcos de políticas nacionais até o final de janeiro; em concluir o "processo de verificação de cooperação mútua" até abril; em desenvolver uma série de opções de política econômica até a próxima cúpula, em junho; e em "desenvolver recomendações mais específicas de políticas para os líderes até a cúpula de novembro de 2010".

A dificuldade é como lidar com questões delicadas como a taxa de câmbio da China.

As discussões sobre câmbio foram limitadas nesse fim de semana, disseram participantes, e muitos esperam que a China mudará de posição unilateralmente em relação a seu câmbio atrelado ao dólar. Os EUA não creem que elevar a pressão internacional sobre a China faria Pequim rever sua posição.

Se os resultados em termos de um novo marco para a cooperação econômica foram limitados, não houve nenhum progresso quanto a financiar políticas climáticas, isto é, ao fluxo de dinheiro dos países ricos para os pobres para que esses reduzem suas emissões e mitiguem os efeitos do aquecimento global.

Os ministros deveriam ter produzido uma relatório sobre "uma série de possíveis opções" de financiamento, mas empurraram isso para o futuro.

Apesar dos resultados negativos da reunião, o clima entre os ministros do G-20 ainda é positivo. Autoridades britânicas destacaram a importância da vontade política nos mais altos níveis por trás desses processos, algo que faltava em tentativas anteriores de conseguir uma cooperação econômica em nível global.

Outros dizem que a crise econômica mostrou a importância da cooperação global e que essa lição não será esquecida tão cedo.

O próximo ano, com a economia mundial saindo da recessão, será o grande teste para saber se os países conseguem achar um caminho para um crescimento mais equilibrado e sustentável, ou se interesses nacionais de curto prazo vão superar o interesse coletivo.

Com duas cúpulas dos líderes do G-20 previstas, além de várias reuniões dos ministros das Finanças, as autoridades terão várias chances de obter os avanços que não saíram agora na Escócia.