Título: Desempenho do terceiro trimestre aponta para PIB negativo em 2009
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 11/12/2009, Brasil, p. A4

O resultado surpreendente do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2009, bem mais fraco do que previa o mercado, levou bancos e consultorias a reavaliar as projeções para o crescimento da economia em 2009. A maioria das consultorias e bancos sinaliza para um resultado no vermelho. Taxas entre menos 0,5% e menos 0,1% são apostas do Itaú, Concórdia Corretora e MB Associados. Para chegar lá, o PIB do quarto trimestre tem que avançar 1,5% ante o terceiro.

Para fechar o ano no "zero a zero", como projeta Bráulio Borges, da LCA Consultores, a economia nos três últimos meses do ano terá de crescer entre 2% e 2,5% ante o terceiro trimestre e fechar com taxa acima de 5% no quarto trimestre sobre igual período de 2008.

As revisões feitas pelo IBGE, que apontaram um resultado negativo do PIB de 1,2% no terceiro trimestre na comparação com igual período de 2008, e a um aumento de 1,3% na margem, indicaram, na avaliação de Borges, que a economia está indo num ritmo menor, mas no quarto trimestre muitos setores vão recompor estoques (como os de bens de consumo duráveis e não duráveis, e construção civil), além de prosseguir o aumento dos investimentos já detectado no PIB do terceiro trimestre, dando mais velocidade ao nível de atividade.

Já Sérgio Vale, da MB Associados, que trocou a previsão de 0,3% para menos 0,1%, explica que esta taxa mantém a visão da consultoria, formulada há muitos meses, de uma estagnação do PIB este ano. Para ele, porém, há riscos neste resultado negativo. O primeiro é que a taxa de juro só deve começar a subir no segundo semestre, já que se verificou que o ritmo de crescimento da economia estava menor que o previsto. Segundo, "é que o governo poderá sentir um comichão irrefreável de aumentar ainda mais os gastos públicos".

Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, adiantou que o banco está em fase de revisão da taxa do PIB de 2009, mas considera que uma queda de 0,5% é provável, com a economia no quarto trimestre crescendo 1,5% ante o terceiro. A projeção anterior era de 0,3% de crescimento. Ele prevê que, apesar desta taxa negativa, 2009 deixa um "carry over" de 2% para 2010. "Vamos ter uma base mais alta para o ano que vem."

Elson Teles, da Concórdia, estima para este ano queda de 0,3% ante projeção anterior de alta 0,2%. "O BC tem que reavaliar o cronograma de alta do juro, pois na verdade ainda é cedo para avaliar nosso ritmo de crescimento econômico."

No acumulado do ano (janeiro a setembro), o PIB teve queda de 1,7% em relação a igual período de 2008. A indústria registrou o maior recuo (8,6%), o setor agropecuário caiu 5,3%, e o setor de serviços apresentou alta de 1,9%. No segmento industrial, as maiores quedas no acumulado dos três primeiros trimestres do ano ocorreram na indústria de transformação (-10,7%) e construção civil (-9,1).

Na comparação dos últimos quatro trimestres com os quatro trimestres imediatamente anteriores, o PIB registrou queda de 1%, com recuo de 7,1% da indústria, 4% da agropecuária e alta de 1,9% em serviços.